– Pois é, estou vendo mesmo que quando faço isso estou indo contra mim.
– Perfeito, é muito importante isso!
– Mas e aí, o que eu faço?
– De fato, o que?
– Ah Akim, não sei…
– Não sabe?
– Tá… eu acabei de dizer né? Eu sei o que fazer.
– Claro que sabe, isso nunca foi problema, qual é o problema, de fato?
– Não sei…
– Pense, tem a ver com a sua pergunta para mim agora a pouco.
– O que eu faço?
– Sim… Você já percebeu a sua dinâmica e já percebeu o que faz quando sai dela, quer que eu te diga o que mais?
– Hum… é verdade… acho que eu fico esperando você me dar uma ordem ou permissão para eu fazer o que me faz bem.
– Ótimo, e você precisa, realmente, da minha permissão ou da minha ordem?
– Eu acho que precisava, mas agora não quero mais precisar. Eu vou fazer o que é bom pra mim!
Ninguém é uma ilha. Todos vivemos vidas nas quais o meio ambiente, as pessoas que nele vivem e as relações que são criadas nos afetam. Tudo isso corrobora para criamos nossa ideia de “eu” e de “não eu”.
Além disso temos o nosso processo interno que ao pegar – ativamente – as informações do meio ambiente elabora um modelo de mundo o qual começamos a usar para guiar nossas vidas, emoções e decisões.
O problema surge quando um desses dois lados começa a se tornar “forte demais” dentro da pessoa. Pessoas que colocam muita ênfase no mundo exterior estão sempre preocupadas em agradar, não ser inadequada, não criar confusão, não magoar, enfim, em manter o mundo externo tal como está. Em geral elas entendem que a ordem externa as organiza, que a ordem externa precisa ser preservada à qualquer custo até porque identificam-se com esta ordem externa.
O trabalho em terapia com esta percepção em geral vai buscar organizar uma nova percepção de mundo na qual a pessoa possa ser mais flexível em relação ao meio externo se comprometendo com aquilo de fora que faz bem à ela. Isto implica em criar um referencial interno, no qual a própria pessoa toma suas decisões, no qual ela escolhe pelo que vai fazer.
O outro lado é aquele no qual a pessoa foca demais no interno e não se relaciona com o externo. Suas preocupações em geral, tendem aos temas da individualidade, ser sincero, não se submeter e questionar os costumes das pessoas. Tendem a ser muito rotineiras – mesmo quando a falta de rotina é sua marca – e buscam avidamente por algo que as “diferencie” do resto do mundo.
O trabalho neste caso visa fazer a pessoa aprender a se abrir ao externo sem medo de perder a sua individualidade, perceber que sinceridade tem meio de ser expressa e que “ser diferente dos outros” e “ser você” são ideias distintas. O medo fundamental é de perder a conexão consigo, o problema é que esta conexão torna-se excessiva e a pessoa vive num sistema “ou/ou” o que a limita profundamente.
E você? Muito preocupado com os outros? Muito preocupado com você? O que há de importante e bom no mundo interno e no externo?
Quando é necessário usar um referencial ou outro?
Abraço
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