• 14 de fevereiro de 2014

    Liberdade de emoção

    – Eu entendi algo sobre mim esta semana.

    – O que foi?

    – O meu namorado me fez uma daquelas de ficar me enrolando para não fazer o que eu queria e eu fiquei com raiva.

    – Certo, até aí normal.

    – Sim. Daí eu, como sempre, fiquei quieta, e pronto. E foi aí que eu percebi que, depois de sentir raiva dele, eu me senti culpada de sentir raiva.

    – Ah é? Culpada de sentir raiva, me conte mais sobre isso.

    – Pois é… e eu achei muito descabido porque a minha raiva está “adequada” sabe? Eu percebo que ele me agride quando faz isso.

    – Entendo.

    – E aí percebi que tem emoções que eu não sou livre para sentir, que eu me sinto mal quando sinto, como se estivesse fazendo algo errado.

    – Vamos trabalhar com isso então né?

    – Sim!

    Emoções são elementos poderosos e importantes para o ser humano. Cada emoção nos traz informações valiosas sobre como estamos vivendo a vida e sobre o que precisamos ou podemos fazer. Assim sendo, sentir é algo importante, pois se não sentimos ou se negamos uma determinada emoção estamos deixando de lado informações importantes sobre uma determinada parte nossa.

    No entanto, nossa cultura – assim como todas as culturas – não vê com bons olhos todas as emoções. Algumas ela é à favor, outras não. Não apenas as culturas, mas as famílias e as pessoas seguem a mesma ideia. Quantas vezes no consultório ouço: “não queria sentir isso”, “dá para parar de sentir essa tristeza?”.

    O que é importante para nos sentirmos livres para sentirmos qualquer emoção?

    O primeiro passo é não termos um julgamento negativo sobre as emoções. Algo que sempre digo no consultório é que existem emoções que não são prazerosas, ou seja, não nos proporcionam um prazer, por vezes sentimos até mesmo dor. Isso é diferente de dizer que ela não é boa ou adequada. A tristeza é um ótimo exemplo: muitas vezes provoca dor emocional, mas é super adequada de ser sentida principalmente em situações de perda.

    O segundo passo é aprender com a emoção: conseguir ter intimidade com ela para entender o que ela está querendo dizer para você. O que a sua raiva está te dizendo? O que a sua tristeza quer comunicar? Lembre-se sempre de que as emoções são mensagens de nós para nós. Pessoas que lidam bem com suas emoções sempre as ouvem, nunca deixam de ouvir as suas emoções.

    O terceiro passo consiste em saber dar uma resposta adequada à emoção em questão. Se a emoção traz uma mensagem, é importante lermos a mensagem, refletirmos sobre ela e pensarmos em dar uma resposta para a mensagem. Pode ser algo desde ignorar, pois a mensagem não é tão importante assim, quanto mudarmos todo o curso de uma determinada ação porque a mensagem está dizendo algo importantíssimo.

    O último passo, creio eu, seria o de se outorgar o direito de sentir o que se está sentindo. E isso tem a ver com a nossa educação. Aprender a diminuir a voz de pais, educadores  e de qualquer figura de autoridade que antes nos disse: “não” e aumentar a voz das nossas emoções dentro de nós para as ouvirmos em bom tom.

    Abraço

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