– Pois é… não sei direito o que acontece… eu quero sempre saber o que ele está fazendo sabe?
– Sei sim. Pra que você precisa saber disso o tempo todo?
– Ah Akim, não sei direito. Acho que… sei lá… para…
– O que acontece se você não souber?
– Ahh… ai eu fico doida (risos). Fico imaginando se ele não tá saindo com alguém ou indo em algum lugar que não está me contando.
– E você acha que se você ficar controlando isso não vai acontecer, é isso?
– É… de certa forma acho que sim… mas agora que você falou… ai que medo… ele pode né? Fazer coisa errada mesmo eu controlando não pode?
– Pode. Pode fazer “coisa errada”, “coisa certa”… na verdade, me parece que ele pode viver a vida dele não é isso?
– É…
– Embora possa te parecer estranho o que eu vou dizer, ele é um ser humano e viveu a vida dele muito bem antes de você aparecer. Ele não te pertence minha cara… Ele é ele.
– Eu sabia que você ia dizer isso… eu tenho muito medo disso sabe? Eu até sei, mas acho que não queria saber. Eu acho que preciso que ele me obedeça para eu ter certeza que ele vai ficar comigo, vai me amar sabe?
– Claro que sei. Mas eu me pergunto: será que não existe uma forma mais tranquila e saudável para você viver sua relação e o seu amor? Comandar o tempo todo e controlar o tempo todo é muito cansativo não acha?
– (risos) Sim, acho sim. Ai… é difícil, pensar nisso dá um medo.
– Vamos começar a trabalhar com seus medos então. Pelo que você me conta você é uma pessoa muito bacana, não acho que você merece um relacionamento de tensão ininterrupta para saber se teu namorado está ou não te traindo, acho que você merece se sentir segura, se entregar e viver algo pleno, você não acha?
– Acho!
Talvez uma das tarefas mais difíceis numa relação seja aceitar que o outro é o outro e que, por essa razão, ele é “incerto”. Não sabemos o que vai vir da pessoa que está com a gente – nem sabemos o que vai vir de nós com muita certeza.
Geralmente tendemos a negar isso e começamos com o desejo de ou controlar o outro querendo mudá-lo ou então agradá-lo ao máximo para garantir que ele não irá fugir. Essas formas de agir ao invés de aliviar a tensão apenas a mantém ou até aumentam-na.
Aceitar a “incerteza” do outro e, portanto, da relação é o que realmente pode nos trazer alívio. Aceitar, no entanto, implica em aceitar completamente. E isso envolve aproveitar a relação enquanto é, como é. É como ir à uma festa. Toda festa, por definição é algo indefinido, nunca sabemos como vai ser, no entanto, nos entregamos à ela e buscamos a diversão nela, procuramos nos extasiar com o que acontece nela, “nos apaixonar” pelo evento. Ou sair logo quando vemos que não é algo que queremos. Nunca tentamos “mudar a festa” sempre a aceitamos.
Aceitar que o outro é o outro envolve respeito por quem ele é e qual relação vai para frente sem respeito? Aceitar também implica em apreciar o outro tal como é? Apreciar não é algo importante? Finalmente, aceitar o outro nos permite nos aceitar também e largar mão do controle da festa para poder aproveitar a festa. Que relação vai pra frente quando não é aproveitada?
Aproveite!
Abraços
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