- Eu acho que percebi algo em mim.
-
O que é?
-
Eu tenho vergonha de dizer.
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Hum… algo que te incomoda é?
-
Sim… eu nunca pensei isso de mim e não gostei de ter percebido isso.
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Ah é? Bem… essas coisas em geral são “boas” de serem percebidas.
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É, mas eu não estou gostando.
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Bem… uma forma de pensar é assim: de que maneira será que essa percepção pode te deixar ainda mais completa enquanto pessoa?
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Não sei… Não pensei nisso… não acho que pode me deixar mais completa.
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Será que, percebendo isso em você, algumas coisas não ficam mais claras no seu comportamento?
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Bem… isso pode ser… sim.
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Algo do tipo: “ah, então é isso!”… mesmo que esse “isso” não seja lá uma coisa boa ou prazerosa de se perceber.
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Bem… olhando assim é verdade
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E o que fica mais evidente?
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O jeito que eu lido com as relações sabe? Porque eu abro mão do que é importante pra mim.
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Hum… que bela percepção então.
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Bela não é, mas é verdadeira…
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E qual é, vai te ajudar muito ter percebido isso!
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Ai Akim… eu sou dependente!
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Qual é o problema em ser dependente?
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É horrível!!
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Não é prazeroso e já te gerou um monte de dor… mas… “qual o problema”?
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Você não vê problemas?
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Como já te disse: não é bom, não nos ajuda, mas enfim… é o que é não é mesmo? Melhor afirma que negar!
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Bem… isso é verdade.
Jung descrevia algo que ele chamava de “sombra”. Ela nada mais é do que elementos, características, qualidade e defeitos que não percebemos em nós. Tudo aquilo que não é aceito ou percebido faz parte da sombra.
Porém se ela fosse somente um depósito de elementos rejeitados do nosso eu, seria algo tranquilo, mas ela não é apenas isso. Ocorre que os “elementos sombrios” possuem uma “vida” própria, eles fazem parte da dinâmica do nosso self, eles ajudam, atrapalham, interferem em nossas vidas. A sombra quando é incompreendida ou negada torna-se perigosa. Porque?
Como foi dito aquilo que é negado possui uma “vida própria”, ou seja, faz parte de nós. Essa parte negada interage com as outras, só que, como não a percebemos não vemos a sua influencia. Aí é que as pessoas tem atitudes, por exemplo, que “não sabem como explicar”, porque tem aspectos dela que estão presentes, mas como ela não os percebe, ela não vê a sua influência. O caso acima, por exemplo, a pessoa tinha que pessoas dependentes eram “muito idiotas” e, com isto, negava em si a própria dependência. Porém ela existia e fazia seus relacionamentos um inferno, depois que ela pode – à duras penas – aceitar este aspecto de si ela conseguiu mudar.
Outro motivo é que, enquanto não conhecemos nossas características elas se apresentam de uma maneira que é difícil de ser conciliada com a nossa vida cotidiana. Ou seja, é “pedra bruta”. Por exemplo: uma pessoa pode ter a atitude de sempre se embebedar em festas e dar vexame como uma maneira de não conseguir integrar dentro de si a euforia que vem, então, de uma maneira impulsiva e descontrolada.
Aprender a perceber, aceitar e conviver com os nossos defeitos é um dos passos que pode nos ajudar a conversar mais com nosso lado sombrio. quando conseguimos compreendê-lo mais começamos a parar de temê-lo tanto e conseguimos criar uma nova relação com ele. Muitas vezes também é na sombra que está a chave para a resolução dos nosso conflitos atuais. Quando entramos nela, desvendamos seus mistérios e aprimoramos a maneira daquilo que negamos ser expresso podemos estar dando um salto qualitativo sem igual em nossas vidas.
Abraço
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