• 14 de maio de 2014

    Em defesa do defeito

    inseguranca

     

    • Eu acho que percebi algo em mim.

    • O que é?

    • Eu tenho vergonha de dizer.

    • Hum… algo que te incomoda é?

    • Sim… eu nunca pensei isso de mim e não gostei de ter percebido isso.

    • Ah é? Bem… essas coisas em geral são “boas” de serem percebidas.

    • É, mas eu não estou gostando.

    • Bem… uma forma de pensar é assim: de que maneira será que essa percepção pode te deixar ainda mais completa enquanto pessoa?

    • Não sei… Não pensei nisso… não acho que pode me deixar mais completa.

    • Será que, percebendo isso em você, algumas coisas não ficam mais claras no seu comportamento?

    • Bem… isso pode ser… sim.

    • Algo do tipo: “ah, então é isso!”… mesmo que esse “isso” não seja lá uma coisa boa ou prazerosa de se perceber.

    • Bem… olhando assim é verdade

    • E o que fica mais evidente?

    • O jeito que eu lido com as relações sabe? Porque eu abro mão do que é importante pra mim.

    • Hum… que bela percepção então.

    • Bela não é, mas é verdadeira…

    • E qual é, vai te ajudar muito ter percebido isso!

    • Ai Akim… eu sou dependente!

    • Qual é o problema em ser dependente?

    • É horrível!!

    • Não é prazeroso e já te gerou um monte de dor… mas… “qual o problema”?

    • Você não vê problemas?

    • Como já te disse: não é bom, não nos ajuda, mas enfim… é o que é não é mesmo? Melhor afirma que negar!

    • Bem… isso é verdade.

     

    Jung descrevia algo que ele chamava de “sombra”. Ela nada mais é do que elementos, características, qualidade e defeitos que não percebemos em nós. Tudo aquilo que  não é aceito ou percebido faz parte da sombra.

    Porém se ela fosse somente um depósito de elementos rejeitados do nosso eu, seria algo tranquilo, mas ela não é apenas isso. Ocorre que os “elementos sombrios” possuem uma “vida” própria, eles fazem parte da dinâmica do nosso self, eles ajudam, atrapalham, interferem em nossas vidas. A sombra quando é incompreendida ou negada torna-se perigosa. Porque?

    Como foi dito aquilo que é negado possui uma “vida própria”, ou seja, faz parte de nós. Essa parte negada interage com as outras, só que, como não a percebemos não vemos a sua influencia. Aí é que as pessoas tem atitudes, por exemplo, que “não sabem como explicar”, porque tem aspectos dela que estão presentes, mas como ela não os percebe, ela não vê a sua influência. O caso acima, por exemplo, a pessoa tinha que pessoas dependentes eram “muito idiotas” e, com isto, negava em si a própria dependência. Porém ela existia e fazia seus relacionamentos um inferno, depois que ela pode – à duras penas – aceitar este aspecto de si ela conseguiu mudar.

    Outro motivo é que, enquanto não conhecemos nossas características elas se apresentam de uma maneira que é difícil de ser conciliada com a nossa vida cotidiana. Ou seja, é “pedra bruta”. Por exemplo: uma pessoa pode ter a atitude de sempre se embebedar em festas e dar vexame como uma maneira de não conseguir integrar dentro de si a euforia que vem, então, de uma maneira impulsiva e descontrolada.

    Aprender a perceber, aceitar e conviver com os nossos defeitos é um dos passos que pode nos ajudar a conversar mais com nosso lado sombrio. quando conseguimos compreendê-lo mais começamos a parar de temê-lo tanto e conseguimos criar uma nova relação com ele. Muitas vezes também é na sombra que está a chave para a resolução dos nosso conflitos atuais. Quando entramos nela, desvendamos seus mistérios e aprimoramos a maneira daquilo que negamos ser expresso podemos estar dando um salto qualitativo sem igual em nossas vidas.

    Abraço

    Visite nosso site: www.akimpsicologo.com.br

     

    Comentários
    Compartilhe: