• 23 de maio de 2014

    Importância, atenção e outras “egoidices”

    Marykin Monroe

     

    • O que eu queria era ser bem famosa sabe?

    • Sei. Pra que?

    • Ah, daí eu ia “olhar de cima” sabe?

    • Hum, estou entendendo, continua

    • Meio que uma sensação de poder ser eu mesma sabe?

    • Sei.

    • E daí sim poder realizar os meus sonhos.

    • Mas que trabalheira hein?

    • Como assim?

    • Então pra ser você mesma – como se você pudesse ser outra coisa – você primeiro tem que ser famosa.

    • Ã… é…

    • E daí que você for famosa pode realizar teus sonhos?

    • Isso…

    • Se o que você quer é ser você, porque não começa aqui e agora, nesta sala, neste momento?

    • Como assim?

    • Ué… quem você é está aí dentro de ti… pra que esperar até ser famosa para ser o que você pode ser agora mesmo?

    • Hum…

    • É como se você tivesse um pote de sorvete no congelador e só se permitisse comer ele no Natal, só que você está em Janeiro e está com fome de sorvete.

    • (Risos)

    • E teus sonhos?! Vai ficar esperando até ser famosa para viver eles?!

    • Entendi…

     

     

    Muitos daqueles que são “grandes”, em geral, não tinham isso como meta principal, apenas a atingiram por serem, de fato, grandes naquilo que faziam. Outros desejavam isso, de fato, e aprenderam a usar o status para si. E tem outros que bem… conseguiram… e se destruíram por causa disso. Este post é para eles.

    O que ocorre à uma pessoa que detém status, juventude, poder, dinheiro, fama e “se destrói”? O que faz com que alguém detenha todos os valores mais prezados em nossa sociedade e transforme isso em notícia para tabloides de terceira categoria? Ocorre algo muito pior do que aquilo que ocorre com os milhões que desejam esta mesma posição e não conseguem: eles conseguiram.

    Mas isso  é ruim? Lembrando que estou escrevendo o post para quem se destruiu, sim. O interessante à perceber é: porque é “ruim”? Estes que chegam ao topo, conseguiram aquilo que desejavam e, depois de um certo tempo, a pergunta vem: “e agora?”. O que ocorre com aqueles que sucumbem à fama, status e dinheiro é um problema de baixa auto estima, como este problema esta enraizado na pessoa e não se cura com status, dinheiro ou fama ele permanece latente até se manifestar quando as luzes dos holofotes diminuem ou quando o tédio chega.

    Ocorre que muitas pessoas creem que quando forem admiradas pelos outros vão sentir-se felizes. Ledo engano que a indústria pop tem mostrado com enorme força nos último 40 anos. O que você consegue com popularidade? Popularidade. Nada mais que isso em termos afetivos. Por isso, no começo do post, fiz uma diferença entre pessoas que desejam a fama e sabem utilizá-la e aqueles que não sabem. Quem não sabe comete o erro fundamental de achar que as pessoas a amam de fato. Porque isso é um engano? Porque para amar alguém você tem que conhecer esta pessoa e não o seu trabalho ou o personagem que ela representa.

    Aí é que entra a auto estima. Pessoas com baixa auto estima buscam apoio na admiração dos outros sem antes construir a sua própria e de entender a diferença entre admiração e amor. Ocorre que, uma vez chegada a fama, e passado algum tempo desde o início da subida para o topo a pessoa se pega pensando mal de si “novamente”. Nathaniel Branden descreve isso como a sensação de ser um enganador perfeito, algo como: “essas pessoas são todas idiotas, eu sou uma péssima pessoa, mas ninguém viu… mas daqui a pouco alguém vai ver”. Quem não alcançou o topo ainda pode depositar suas esperanças em chegar lá para acabar com a sua baixa auto estima, mas quem já chegou não tem este “luxo”.

    E é aí que inúmeros artistas começam com seus processos pessoais de decadência, exagerando em bebidas, drogas, compras mal-feitas. O comportamento de quem está querendo mostrar o quão ruim é de fato, ou seja, já que ele enganou à todos muito bem: “vamos ver até onde me engolem”. Ou então encarna a fama e passa a realmente achar que é todo-poderoso até que a realidade lhe de duros golpes.

    Isso que descrevo para o universo artístico vale igual para o “nosso” universo, ou seja, a pessoa que abre mão de si para ser empresário e ganhar muita grana e acha que isso lhe trará o respeito dos outros entra em um engano pessoal também. O detalhe é sempre este: perceber o que de fato aquilo que você está se propondo à buscar lhe trará. Dinheiro traz dinheiro e tudo o que ele pode comprar, status traz status… essas coisas não trazem amor e parceria e companheirismo, para ter isso é necessário buscar outros caminhos e para o amor próprio, como dizia o poeta, amar se aprende amando.

    Abraço

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