• 30 de julho de 2014

    Ter razão ou ser feliz?

    ser-feliz-ou-ter-razao

     

    • Eu não sei mais o que fazer Akim.

    • Hum…

    • Já tentei tudo e a coisa não anda.

    • Entendo. O que mais você pode fazer então?

    • Já te disse, já fiz de tudo.

    • Menos uma coisa.

    • O que?

    • Você já parou para pensar se é realmente de sua alçada ter que mudar ele?

    • Como assim?

    • Você “já fez de tudo” para mudá-lo, não é?

    • É… é isso no fundo.

    • Então… e se não for para mudar ele?

    • E se for para ele ficar assim você quer dizer?

    • Sim.

    • Mas daí eu não quero mais!

    • Pois é, já tentou mostrar isso na relação? Assumir uma postura, de fato, diante da situação?

    • Não…

    • Então.

    • Mas ele tinha que mudar!

    • Tinha, poderia, deveria… tanto faz, o fato é: o que você tem tentado fazer – mudar o outro – não está dando certo! Quer insistir nisso até quando?

    • É… e como você disse… eu ainda não tentei… me mudar não é?

    • Bingo!

     

    A frase do escritor russo Leon Tolstoi “todas as famílias felizes se assemelham; mas cada família infeliz é infeliz à seu modo”, não é das minhas favoritas, mas ela explica bem o ponto do post de hoje. Razão é contrária à felicidade? Sim. E não.

    Não: é possível ter razão sobre alguns pontos da vida e ainda assim ser uma pessoa feliz. As pessoas felizes, afinal, tem as suas razões, seus motivos e refletem a vida de determinada maneira. Sim: muitas vezes nos apegamos à ideias que não servem, que não nos trazem a felicidade e queremos fazê-las corretas apenas para “termos razão” e é aí que a coisa complica.

    Desta maneira a pergunta: “quer ter razão ou ser feliz?” é, na verdade, uma grande pegadinha porque não se trata de uma escolha entre uma ou outra, mas sim da reflexão entre uma e outra. A sua razão tem lhe trazido felicidade? Você tem sido feliz seguindo a razão que segue? Essa sim, creio eu é a pergunta mais adequada. Porque?

    Todos nós temos crenças, ideias sobre como o mundo é, como as pessoas são, sobre o que é a vida e a própria felicidade. Estas ideias não são boas e nem ruins à  princípio, elas são, simplesmente ideias. Ao passar do tempo conseguimos ver, rapidamente se elas realmente nos trazem aquilo que prometem ou se são ideias inadequadas. O grande problema do ser humano é que, uma vez visto que a ideia é inadequada, ao invés de ele livrar-se da ideia, ele insiste nela! É um grande absurdo, porém é o que vejo todos os dias, sem exceção no consultório e em minha vida pessoal também.

    Esta insistência é que torna a razão contrária à felicidade. É quando percebemos que o caminho escolhido não nos leva onde queremos, mas insistimos nele. Neste momento a pessoa começa a criar mil e uma teorias sobre o porque que o mundo está errado, como as pessoas são e deixam de ser e deveriam ser, apenas para sustentar a ideia de que ele estava certo, e o resto da existência errada. “A vida deveria…”; “a vida poderia…” são as frases de impacto que deixa no ar.

    No entanto, porque brigarmos com o real, com aquilo que vemos e percebemos apenas porque é diferente daquilo que criamos em nossa mente? Porque não aceitar que os caminhos que escolhemos foram errados, não nos levaram ao lugar onde queríamos e buscar novos caminhos? Porque não enfrentar o medo, buscar novas competências, buscar por tutores e pessoas que possam nos auxiliar (sim, elas existem) e alçar novos voos em direção à um futuro mais brilhante e, agora sim, com felicidade de fato? E ainda: porque parar na felicidade? Porque não buscar auto estima, confiança, orgulho, amor e bons relacionamentos?!

    Abraço

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