• Não sei porque eu fujo disso.

• Porque não fugir?

• Porque eu quero oras! Você sabe disso.

• Sei… mas também sei de outra coisa que você não gosta de falar…

• O que?

• Que você tem muito medo disso!

• … É verdade também… mas eu quero.

• Claro que quer, mas temer aquilo que queremos é uma das formas de nos afastar daquilo e não de ir atrás.

• É… tá certo…

• Que tal começar a falar um pouco mais sobre o seu medo à respeito do que você quer?

 

Muitas vezes as pessoas desejam algo e estão sempre se esquivando ou sabotando seus processos pessoais à respeito daquilo. Porque isso acontece? Uma das respostas que encontro muito é: medo.

Não é porque queremos algo que isso precisa sempre nos causa uma sensação prazerosa, nosso desejo pode nos causar medo. O medo é uma emoção que nos avisa que podemos nos machucar seriamente em uma determinada situação e, assim sendo, quando sentimos medo daquilo que queremos podemos senti-lo porque não sabemos como alcançar o que queremos e isso pode significar que podemos nos machucar de alguma forma, porque não sabemos como lidar com aquilo que queremos após conquistar ou porque sentimos de alguma forma que aquilo que desejamos não é certo.

Se não sabemos como alcançar aquilo que desejamos podemos criar fantasias sobre a incapacidade de atingirmos o objetivo ou sobre a enorme frustração que vamos sentir. Estes dois elementos quando são vistos como um problema em geral afastam a pessoa daquilo que ela deseja. O problema não é o desejo em sim, mas a fantasia que é feita. A pessoa foge da fantasia e não do desejo, porém a maneira “prática” de fugir da fantasia é adiar o desejo.

A ideia é trabalhar com a fantasia e desligá-la da coisa em si. Ou seja, uma coisa é o medo que a pessoa tem, a outra é a experiência que ela quer ter, o desejo dela. Além disso eu gosto muito de trabalhar com a ideia de ajudar a pessoa a se tornar curiosa em relação àquilo que quer e ao processo de obter, esta forma de encarar a fantasia assim como o medo de uma maneira diferente que instiga a busca pela competência ao invés do medo da falha.

Não saber lidar com o que queremos é algo que pode ser um fato ou uma sensação. Um exemplo muito comum é quando as pessoas começam a namorar e tem um medo muito profundo de perder o parceiro. Isso pode ser factual visto que a pessoa pode não saber mesmo namorar, ser inexperiente ou ter vivido outras relações que não soube levar para frente adequadamente ou então pode ser uma sensação de medo ligada às suas fantasias pessoais à respeito da experiência que está tendo. A emoção provocada pela conquista daquilo que desejamos pode ser muito forte e não sabemos como lidar com ela passando a temer esta emoção e, como conseqüência, a experiência em si.

Perceber as emoções que são despertadas por aquilo que queremos é importante para saber se sabermos como lidar com estas emoções. Muitas pessoas freiam seus processos de desenvolvimento pessoal porque não sabem lidar com a emoção de orgulho e poder que temos quando cumprimos algo que desejamos. Sentem-se mal e que “estão se achando”. Para não lidar com estas emoções elas sabotam seus processos. Quando, por outro lado, não sabemos mesmo como lidar com o que queremos é importante aprender! Esta é uma fórmula muito forte contra o medo.

Se achamos que o que queremos não é certo nossas crenças vão tentar nos afastar daquilo que queremos para nos preservar. Algumas pessoas vão tão fundo nisso que acabam por culpar o próprio processo de querer e se afastam do ato de desejar o que é altamente nocivo para elas. É importante verificar se aquilo que se deseja é de fato algo errado e se for mesmo algo inadequado para a pessoa e o seu sistema de crenças a melhor saída é compreender o desejo e buscar formas diferentes de lidar com ele ao invés de simplesmente negar-se o ato de desejar ou se afastar completamente dele.

O inimigo interior é quando tememos aquilo que sentimos, desejamos e pensamos. O medo daquilo que vivemos dentro de nós pode nos afastar de boas experiências e de crescimento pessoal e é importante fazer com que isso não aconteça.

Abraço

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