- Mas não estou tão confiante assim de fazer isso.
-
Eu imagino…
-
Porque que você imagina?
-
Ué, lembra do que você disse no começo da sessão? Sobre como você se via?
-
Sim… como um ermitão das montanhas.
-
Exato… ermitões das montanhas não saem muito saem?
-
Não, verdade… mas… então eu não saio porque me vejo assim?
-
Dá para explicar assim…
-
E porque eu vou fazer diferente?
-
Não sei se vai. Vai?
-
Acho que vou… mas e daí, o que acontece?
-
Com o ermitão da montanha?
-
É
-
Não sei, o que será?
-
Ai… não sei… deu um medinho agora…
Existe uma relação tênue entre a nossa auto imagem e o que fazemos na vida. Muitas pessoas, ao se referirem à algo que fizeram, dizem: “nem parecia eu”. Essa frase sinaliza que a atitude executada e a auto imagem que a pessoa tem de si não combinam, daí a surpresa. Em outro caso, a pessoa pode ter dificuldade em aceitar um comportamento que ela sabe que executa pelo mesmo motivo: ser contra a percepção que tem de si.
Nossa auto imagem pode ser nossa grande aliada ou nossa prisão se não entendermos exatamente o que ela significa. Auto imagem é a maneira pela qual me vejo. É como se fosse um quadro auto biográfico. Neste quadro defino um enquadre, uma pose, a quantidade de luz que ele terá, as roupas que usarei (se usarei), a emoção que vai marcar o meu rosto (se é que vou mostrá-lo), quanto do meu corpo aparecerá e como irá aparecer, o que estarei fazendo, as cores que usarei e com todos estes elementos crio esta imagem.
Ela nada mais é do que isso. Posso olhar o mesmo “tema” por outro ângulo, de outra forma, com outras cores e terei um resultado completamente diferente. Assim, a auto imagem não é fixo e “dado”, é, ao contrário, algo móvel e “construído”. Explico: a maneira pela qual nos vemos muda ao longo do tempo e/ou da maturidade que adquirimos (ou não) com a vida. Além disso é um processo ativo da pessoa, ou seja, ela é quem define o que verá de si através do seu auto conhecimento. E não se trata de uma questão de ver “mais ou menos”, mas sim como ver.
Este “como” é que é o grande “x” da questão, pois a auto imagem, como já vimos acima, é algo que tem uma relação direta e estreita com comportamentos, atitudes e até mesmo pensamentos e sentimentos, assim sendo a capacidade de se observar de determinadas maneiras é fundamental para saber se conseguiremos passar por alguns obstáculos ou aprender determinadas coisas. É a dúvida que se expressa na frase: “não sei se consigo me ver fazendo isso”. Quando se diz isso temos uma questão de auto imagem.
Desta maneira temos reações básicas à relação entre a auto imagem e o comportamento. Uma delas é quando a pessoa aceita a sua auto imagem e nega qualquer comportamento que não faça uma referência direta à sua auto imagem. Ou seja, o ermitão do exemplo acima não sai de casa, não tem atividades “fora da caverna”. Qualquer atividade que solicite este tipo de comportamento é rapidamente negada – mesmo que seja importante para a pessoa e aqui temos o problema! Muitas vezes precisamos saber expandir a nossa auto imagem de uma maneira à incorporar determinada atitudes que a pessoa necessita aprender.
A outra maneira relação entre comportamento e auto imagem é quando a pessoa possui um comportamento que não se alinha à sua auto imagem. O comportamento pode ser altamente positivo, mas ao não ser adequado à auto imagem a pessoa pode terminar por não desejá-lo ou sentir-se culpada de fazê-lo. É quando as pessoas dizem “isso não sou eu, não sei porque faço isso”. Novamente o grande problema é entender se aquilo que está sendo feito é realmente algo que você não deveria estar fazendo. Muitas vezes temos atitudes muito diferentes da nossa auto imagem que apenas tornam nossas vidas mais ricas e nos fazem ver quão limitada era a nossa percepção de eu antiga.
A sua maneira de se ver ajuda você a superar os desafios da sua vida hoje ou atrapalha? Pense nisso!
Abraço
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