• 9 de novembro de 2014

    Tempo

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    • Eu não entendi o que aconteceu comigo essa semana.

    • O que aconteceu?

    • Na semana passada eu entendi que eu tenho medo em interagir com pessoas.

    • Sim, e o que aconteceu com você?

    • Continuo com medo… não mudou nada entende?

    • Hum… entendi, você acha que já deveria ter passado isso?

    • Sim… eu entendi isso já semana passada… porque ainda estou com isso?

    • Bem, primeiro que entender não significa mudar.

    • Hum…

    • E segundo que não se desestrutura um comportamento criado ao longo de anos e se reorganiza outro no lugar em uma semana!

    • Porque não?

    • Porque aprendizagem denota tempo.

     

    Tempo é um tema tabu em psicoterapia. Alguns dizem que terapia é um processo que precisa de anos, outros dizem meses, alguns dizem um número determinado de sessões, mas enfim, quanto tempo realmente é necessário para uma terapia?

    O problema quando se faz esta pergunta é isolar o fator tempo e não conectá-lo ao processo de aprendizagem que ocorre na terapia. Assim a pergunta mais adequada seria quanto tempo necessito para aprender algo? Quando se coloca a pergunta desta maneira a maior parte das pessoas já percebe que ela se torna “pessoal”, ou seja, cada um tem um tempo específico de aprendizagem. Agora quando especificamos o “algo” temos a pergunta completa como , por exemplo: quanto tempo necessito para aprender a me sentir seguro ao me relacionar com outras pessoas?A última pergunta mostra como o fator tempo deve ser realmente visualizado dentro de um processo de terapia.

    Cada pequeno detalhe que envolve o processo de aprendizagem denota tempo, por exemplo: aprender a olhar as pessoas e ser visto por elas. Aprender a relaxar no contato com outras pessoas, muitas vezes o processo envolve um problema de auto estima, então aprender a se valorizar fará parte do processo também, então quando se pergunta: “quanto tempo a terapia vai demorar?” é importante saber que todos estes detalhes devem ser levados em consideração assim como a “capacidade” da pessoa em aprender e desenvolver estas habilidades.

    Em geral eu digo aos meus clientes para se ocuparem menos da quantidade de tempo que eles vão usar e muito mais com a qualidade do que estão fazendo. Quando a pessoa se foca no aprender ela direciona a sua energia para onde ela realmente deve estar: em compreender-se e promover a mudança em si. Isso, paradoxalmente, em geral diminui o tempo, ou seja, quanto mais me dedico à minha mudança, menos tempo vou precisar justamente porque estou prestando atenção ao essencial.

    Algumas pesquisas nos mostram que é possível atingir mudanças comportamentais com 6 meses de terapia, considerando uma sessão semanal. Esse é outro parâmetro que dou aos meus clientes, pois se em 6 meses de processo “nada” estiver acontecendo é provável que algo esteja errado no processo. Importante compreender que este número é baseado na ideia de que, em média, as pessoas aprendem coisas nesses período, ou seja, é comum que as pessoas dentro de 6 meses já consigam perceber-se, dizerem especificamente o que desejam e começarem a fazer ensaios de novos comportamentos.

    É importante compreender que aprender a executar um pequeno grupo de novos comportamentos para os quais estou motivado, percebo e desejo os benefícios, não possuo histórico traumático relacionado será mais fácil do que aprender comportamentos que envolvam mudança de crenças, identidade e a resolução de eventos traumáticos passados. Por exemplo: aprender a dirigir. Para muitas pessoas é simples, é rápido e num número menor do que as 15 sessões de treinamento requisitadas elas aprendem. Para outras é muito mais problemáticos e elas precisam lidar com várias questões emocionais antes de ter o aprendizado finalizado. Por esta razão o fator “tempo” se mede de maneira diferente para cada pessoa e, assim, deve ser definido caso à caso, mesmo que tenhamos uma ideia média dele. Além disso para uma mesma pessoa alguns aprendizados são mais simples e outros mais complexos.

    Abraço

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