- Akim… eu acho que você está sendo muito duro comigo.
-
Hum… de que maneira você acha que estou fazendo isso?
-
Você está me criticando o tempo todo!
-
Entendo… como seria adequado eu me comportar?
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Não sei… ir com mais calma talvez…
-
Entendo… você quer que eu não fale as coisas ou fale menos?
-
Acho que menos…
-
Perfeito… você percebe o que isso tem a ver com a sua maneira de se relacionar?
-
Acho que sim…
-
O que é?
-
Tem a ver com aquela coisa do mimado né?
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Isso… tudo a ver.
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Sim… mas é que ouvir você falando me deixa meio mal mesmo.
-
Eu acredito e acho ótimo você ter dito isso! Vou mais devagar, mas vou, porque é isso que tenho que fazer ok?
-
Sim… tá certo… eu concordo com você… é que é pesado assumir a responsabilidade sabe?
Existe uma relação entre terapeuta e cliente. Negar isso é negar 90% da terapia. Quanto mais a terapia se aprofunda, mais as perguntas sobre o eu do terapeuta começam a aparecer porque mais a pessoa começa a ver um outro ser humano ali à sua frente e passa a se relacionar com ele.
O tipo de vínculo que criamos com o terapeuta é fundamental para que a terapia continue a saber viver este vínculo também o é. Muitas vezes as pessoas melhoram muito por causa do vínculo, “apenas” isso. Para várias pessoas descobrir que exite alguém neste mundo capaz de ouvi-la é uma grande descoberta, uma experiência diferente da que ela teve na sua vida. Outros casos ter alguém que imponha limites ou que seja capaz de dar um elogio honesto e realista faz toda a diferença.
Muitas pessoas fazem uma crítica inadequada à terapia dizendo que “é só conversa”. A crítica é inadequada em primeiro lugar porque existe a relação terapêutica, ou seja, o tipo de vínculo criado com aquele ser humano não faz com que a conversa seja apenas uma conversa, em segundo porque não se conversa sobre qualquer coisa e as perguntas não são feitas por mera curiosidade, mas sim com objetivo e embasamento.
Aprofundar o vínculo com o terapeuta e ser capaz de se expôr cada vez mais é um bom sinal de que o vínculo está indo bem. É algo que vai além da confiança, porque envolve empatia e a abertura de si. Muitas vezes, inclusive, o processo de terapia é justamente tratar da relação que temos com o nosso terapeuta. Conseguir dizer como nos sentimos em relação à ele, ao que vivemos com ele e o que esperamos, por exemplo. Isso é altamente produtivo porque trabalha diretamente com a maneira pela qual criamos, mantemos e desfazemos vínculos com as pessoas.
A relação entre o terapeuta e o cliente é uma espécie de laboratório onde várias formas de se expressar podem ser testadas e vivenciadas num ambiente seguro para o cliente. Questionar, gritar, chorar, se fortalecer, mostrar garra e energia são comportamentos que podem ser experimentados com alguém que vai ajudar a organizar e estruturar esta expressão, refletir sobre elas e, com isso, poder ir para o mundo realizar os mesmos comportamentos.
Assim, quanto mais se fala sobre o que ocorre entre terapeuta e cliente, mais podemos saber que a terapia corre um rumo bom e de mudanças. Ousar falar e questionar a própria relação terapêutica é um sinal de coragem e abertura que quase sempre fala sobre os mesmos conflitos que a pessoa vive no seu dia a dia com outras relações.
Abraço
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