– Mas Akim, eu estou sempre dizendo isso para ele!!
– Hum… e como você fala isso para ele?
– Eu sempre falo que a vida não é um mar de rosas.
– Sei e ele?
– Ele concorda, mas não toma uma atitude.
– Será que ele entende que “não é um mar de rosas” significa: quero que você encontre um emprego?
– Não é óbvio? O cara tá sem grana, eu digo isso, ele tem que se coçar…
– Pode até ser para muitas pessoas, mas não sei se é para ele, afinal o pai ainda o banca não é?
– (suspiro) Aiai… é verdade…
A frase: “me dê carinho?” faz você imaginar que tipo de comportamento? Enquanto alguns pensam em colocar alguém no colo e fazer cafuné, outros pensam em fazer uma comida gostosa e alguns ainda pensam em passar um sabão porque a pessoa está de “mimimi” se fazendo de vítima. E o autor da frase queria, realmente, que a pessoa ligasse para ela de vez em quando. Quanta confusão.
É comum que este tipo de confusão ocorra, por isto este post. Não basta dizer? Não. Melhor dizendo: sim e não. Às vezes ocorre de que a concepção de carinho de duas pessoas seja a mesma, neste caso, sem problemas. Em outras é importante dizer aquilo que queremos, e como queremos para ensinar ao outro como se comportar com nós.
Não seria maravilhoso se a vida viesse com um manual? Então, a ideia é ajudar o outro a compor este manual de como nos interpretar e como lidar conosco. Porém, muitas pessoas não fazem isso e mantém a complicação. Porque?
Um dos pontos mais importantes é o medo. Revelar o que eu quero e como quero me expõe e muitas pessoas temem isso. De uma forma geral o medo de estar exposto tem a ver com a falta de habilidade da pessoa em se proteger de maneira “verdadeira”. Ou seja, defender aquilo que ela realmente tem “fraqueza”. Uma das maneiras de se defender disso é criar uma imagem de pessoa super poderosa. O super poderoso não necessita de nada nem de ninguém e, por esta razão, não se expõe (para que fazer isso?)
Nesta linha da raciocínio a pessoa tem uma auto imagem idealizada na qual ela domina e controla tudo. Obviamente esta imagem não é realística e a pessoa sofre com isso pois passa a ver qualquer necessidade como uma fraqueza e um problema a ser resolvido. Porém a força humana reside justamente na capacidade de perceber as fraquezas e necessidades e dar uma resposta para isso, todas as nossas invenções tem uma base nesse processo.
O outro problema tem a ver com, uma vez exposto, como vou me defender? E se o outro quiser abusar de mim? Me usar? Passar por cima das minhas emoções “agora que ele sabe como me manipular”? Em primeiro lugar é importante deixar claro que a manipulação está aberta à todos e não apenas a quem se expõe. Uma pessoa muito fechada pode ser manipulável tanto quanto uma que é mais aberta. Em segundo lugar não é para qualquer um que a gente se expõe, ou seja, escolhemos quem fazer isso. Em terceiro lugar “se expor” significa muito mais você expor à você mesmo os seus segredos e problemas do que para um outro. É você quem terá que lidar com isso no final das contas.
Um terceiro problema tem a ver com o medo da responsabilidade. Quando afirmo que desejo algo me torno responsável por isso. Isso diminui a minha possibilidade de manipular o outro e faz com que eu esteja em contato real com aquilo que quero. Muitas pessoas temem isso porque não se sentem seguras em afirmar o que deseja, não sabem valorizar o que querem ou simplesmente não sabem o que querem.
Todos estes problemas fazem parte daquele momento em que a pessoa diz algo, percebe que não está sendo compreendida e, ao invés de explicar o que deseja, apenas diz novamente e da mesma forma o que quer… e continua sem ser atendida e compreendida. Ao lidar com estes problemas a pessoa passa a sentir-se mais segura em se expôr e, então, falar com mais clareza o que deseja assim como assumir a responsabilidade por seu desejo.
Abraço
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