• 3 de dezembro de 2014

    Poder e motivação

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    “Cuidado com o que deseja, pois podes obter” provérbio grego

     

    • Eu me senti muito estranho ontem.

    • O que aconteceu?

    • Então, nenhum daqueles meninos que eu tô saindo me mandaram mensagem o dia todo!

    • Sério?

    • Sim.

    • E o que você sentiu?

    • Ah, foi estranho… foi como se eu não prestasse…

    • Nossa… que duro isso!

    • É, mas foi como eu me senti.

    • Duro ficar só contigo né?

    • É… é como se eu tivesse ouvido meu pai me dizendo: “você nunca vai ser amada por ninguém”.

    • Sim… eu imagino. O que você pode perceber nessa situação para te ajudar a evoluir?

    • Que eu tenho que ver mais o medo que eu senti ontem.

    • Ótimo… o que tem ele?

    • O medo que eu senti de ficar só, a sensação de “eu não presto”… eu acho que tenho criado o meu “poder pessoal” para fugir disso.

    • Sei…

    • E, na verdade… acabo não definido o que eu realmente quero buscar, daí quando essas muletas caem eu me desespero sabe?

    • Entendi, perfeitamente!

     

    Ter poder é “ter potência para”, ou seja é ter capacidade de realizar algo, é a resposta para a pergunta: “Você pode? Sim, eu posso”.

    Poder é diferente do que motiva o poder. Assim várias pessoas podem ter o mesmo tipo de poder e terem motivos completamente diferentes para tê-lo assim como ideias distintas sobre para que aquele poder serve. Isso é algo extremamente importante quando se trata do tema do poder porque é com base nesta motivação que a pessoa fará suas escolhas assim como irá julgar os seus resultados.

    A canção “O preço” do Engenheiros do Hawaii diz: “agora eu pago os meus pecados por ter acreditado que só se vive uma vez”. Esta frase deixa claro que o que motivou ele foi a concepção de que “só se vive uma vez” e, em detrimento deste pensamento ele “fez os seus pecados” os quais, agora ele “paga”. O que o fez usar o seu “poder” foi aquela noção de vida e isso o faz se arrepender agora.

    O poder, em si, não é certo ou errado, ele esta acima daquilo que chamamos de “moral”. Ele se torna moral ou não moral quando o empregamos com determinadas concepções. Daí que muitas vezes em consultório o trabalho que desenvolvo não é de ajudar a pessoa a gerar novas competências, mas apenas de adequar motivações. Ao fazer isso o mesmo comportamento assume um aspecto completamente distinto do anterior e a pessoa sente-se melhor com ele e consigo mesma. É o famoso “fazer a mesma coisa de outro jeito” ondo o “outro jeito” pode ser lido como com outra motivação. Conversar com alguém porque queremos e por obrigação ilustra bem o fato e mostra como podemos ter o mesmo comportamento com noções bem distintas.

    Para que faço isso? O que espero, de fato, conseguir com isso?

    Estas duas perguntas nos ajudam a determinar a motivação do que estamos fazendo. Quando nos perguntamos isso buscamos o resultado esperado das nossas ações. A resposta à esta pergunta pode ser algo como “não quero mais me sentir mal” ou algo como “busco uma melhor qualidade de vida para mim”. A ideia é poder especificar cada vez mais até que a ideia geral se torne mais concreta. “Buscar uma melhor qualidade de vida” pode significar quero ter saúde física, quero me sentir em paz com minhas escolhas, quero ter certeza do que faço ou várias outras. “Não quero mais me sentir mal” pode ter uma conotação de não querer sentir determinada emoção ou passar por determinadas situações.

    Para que isso é importante?

    Quando nos perguntamos para que isso é importante estamos querendo compreender qual o valor daquilo para a pessoa, ou o que ela espera que virá a partir daquilo. Então se desejo “melhor qualidade de vida” onde isso significa “me sentir em paz com minhas escolhas” pode-se dar à isso uma grande importância ou uma pequena importância. Ainda mais: a coisa pode ser importante por significar um valor de “liberdade”, ou seja, se estou em paz com minhas escolhas sou livre, senão me sinto preso. Sentir-se em paz com suas escolhas pode, ainda, significar “ter feito pelos motivos certos”, então se a pessoa sente paz, sabe que está “fazendo a coisa certa” e isso a deixa em paz pois “fazer o certo” é algo importante para ela.

    Compreender aquilo que nos motiva é importante pois dá o poder de nos conhecer melhor assim como de mudar o curso de nossas ações. Foi como havia colocado: muitas vezes a ação pode permanecer a mesma, mas a motivação e a sensação interna podem mudar drasticamente. No caso acima, por exemplo, tudo o que a pessoa desejava era mostrar ao pai que tinham muitas pessoas atrás dela. Nos valores familiares o valor quantidade era importante e assim, ela compreendeu que se tivessem muitas pessoas atrás dela isso provaria que estava sendo amada.

    A armadilha é que aquilo não combinava com seus valores pessoais. Assim, mesmo tendo o poder e tendo o sucesso na empreitada, sentia-se de alguma forma “mal”. Não conseguia engajar numa relação mais duradoura ou abrir-se nelas. Deveria ser aquela pessoa que “capta” pessoas para orbitarem ao seu redor, mas abrir-se era algo que não estava incluso nos planos e justamente o que essa pessoa sentiu, mais tarde, ser o que ela desejava. Quando pode assumir esta motivação ela passou a fazer o que já fazia, mas com uma outra perspectiva.

    Abraço

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