• 19 de dezembro de 2014

    Estranhamento

    ser-estranho

    • Agora eu não sei sabe?

    • Não sabe o que?

    • Então… tudo o que eu queria era me sentir mais solto.

    • Sim.

    • Agora eu me sinto assim… mas é tão estranho.

    • Ah é? O que é estranho?

    • Não sei, as  coisas que eu penso, algumas atitudes que eu tenho.

    • Como qual?

    • Tipo eu desmarquei um compromisso esses dias e não me senti culpado.

    • Hum e deveria?

    • Na teoria não porque eu queria me sentir assim, mas… é estranho não sentir aquela culpa sabe?

    • Claro que sei.

     

    Sempre que perguntamos à alguém quais as consequências de uma mudança que desejam em suas vidas elas dizem mil coisas boas sobre isso. Não que isso seja errado, afinal de contas se não viessem coisas boas para elas, não iam desejar a mudança. Existe um lado que também deve ser explorado que é a ecologia da mudança, ou seja, aquilo que vai afetar a vida da pessoa ao mudar. O exemplo acima é um caso típico disso.

    Após a mudança sentindo-se mais “solto” começou a ter atitudes com as quais não estava acostumado. Com isso ele sentiu-se “estranho”. Este estranhamento é um bom sinal embora possa não ser sempre prazeroso para a pessoa. Ocorre que quando mudamos algo existe um tempo de adaptação para a nova forma que estamos assumindo e, por vezes, mudanças com as quais não contávamos, daí a sensação de se sentir estranho consigo.

    Isso se dá porque a auto imagem da pessoa precisa ser atualizada em prol das mudanças que ela mesma fez, em outras palavras, precisamos nos acostumar com o nosso “novo eu” ou com o novo comportamento que adquirimos e as mudanças que vem junto com ele. Estranhar é o ato de perceber algo ou alguém como fora do padrão, por este motivo afirmei que é bom num processo de mudança perceber-se desta maneira.

    A grande questão no estranhamento é aprender a fazer amizade com o que é estranho em você. Muitas vezes eu literalmente peço para o cliente “conversar” com o novo comportamento como se ele fosse uma pessoa. Embora “estranha”, esta tática ajuda a pessoa a se familiarizar com aquilo que percebe como estranho.

    Isso é importante para que o processo de mudança possa continuar com consciência da pessoa. Quando se busca esconder o estranhamento, fingir que ele não está ocorrendo ou não querer mais sentir as mudanças por causa do estranhamento a pessoa começa a sabotar sua evolução desnecessariamente.

    Aprender a conhecer o estranho envolve ver os seus limites, aprender a refletir sobre quando ele é ou não é adequado, à serviço do que ele está ali. É perceber o que este novo comportamento pode trazer de benefício à pessoa e de que maneira. Para isso é importante saber conter seus impulsos justamente para conseguir conhecê-los, sentir as emoções que estão aflorando e os pensamentos, este conjunto dá uma noção mais clara sobre o estranho em você.

    Abraço

    Visite nosso site: www.akimpsicologo.com.br

    Comentários
    Compartilhe: