- Eu não posso sair fazendo as coisas dessa maneira.
-
O que te impede?
-
É que eu avalio muito bem as coisas.
-
Será?
-
Claro que sim, sempre acho os defeitos nas minhas escolhas.
-
Mesmo quando não tem defeitos não é?
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… É…
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“Achar defeitos” é igual à avaliar?
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Não é?
-
Acho que não… quem avalia tem critério, você não tem.
-
Como não?
-
Você “acha” defeitos, ou melhor dizendo cria eles não é?
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Sim… nunca está bom pra mim.
-
Pois é. Avaliar significa saber o que é bom ou não e porque, você não sabe fazer isso.
-
O que tenho feito então?
-
Desvalorizado, denegrido… porém não avaliado.
Muitas pessoas confundem avaliar com denegrir. Avaliar não significa dizer o quão ruim está, significa ter critérios com os quais filtrar uma determinada ação ou produção. Isso significa, ainda, que, dependendo dos critérios uma mesma obra ou ato poderá ser “boa” ou “ruim”. Se você avaliar uma obra realista com critérios surrealistas ela não será uma boa obra. O mesmo vale para nossos comportamentos.
A primeira parte, então, é saber diferenciar o ato de denegrir e o de avaliar. Denegrir significa tomar algo (comportamento ou produção) e apontar defeitos. O ato de denegrir não se importa em ter uma ética ou um conjunto de critérios claros para realizar esta tarefa, ele apenas quer denegrir. Desta forma sempre encontrará um conjunto de critérios para denegrir aquilo que está sendo visto. O ato de avaliar, por outro lado, tem uma definição clara daquilo que se busca e sabe especificar exatamente o que é algo adequado ou não para o determinado fim.
Assim quando nos confrontamos com alguém que “avalia” o nosso comportamento ou com o nosso próprio pensamento temos que nos perguntar: o que é, especificamente, o “bom” nessa situação? Qual o critério que define como bom ou ruim, adequado ou inadequado aquilo que estou fazendo?
Se você não tem resposta para esta pergunta é importante saber que talvez você esteja simplesmente denegrindo a sua ação ou sendo denegrido por alguém que não sabe lhe informar, sequer, o que seria o bom para ela. Esta estratégia é a “defesa” contra a desvalorização. Quando solicitamos os critérios é como se perguntássemos para a pessoa ou para nós mesmos: você sabe mesmo avaliar isso? Quando a pessoa sabe, ela lhe apontará especificamente aquilo que percebeu e lhe dirá porque trata aquilo de uma maneira positiva ou negativa – abrindo, inclusive, a oportunidade de diálogo e negociação. Se, por outro lado, ela não tiver não saberá o que dizer.
Em relação ao nosso próprio comportamento é importante manter a mesma relação, ou seja, determinarmos os critérios pelos quais vamos avaliar o nosso próprio comportamento e produção para sabermos nos dizer se estamos indo num caminho adequado ou não. A partir disso podemos avaliar o que fazemos, como fazemos e, além disso, se os critérios que definimos são úteis ou não. Muitas vezes, como já afirmei em outras postagens, o nosso problema é exatamente o conjunto de critérios que usamos por serem rígidos ou abrangentes demais, por exemplo.
Abraço
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