• 4 de fevereiro de 2015

    Quem não te conhece…

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    • Nossa Akim, foi um saco a saída.

    • Sério? Porque?

    • Ah… a menina quis ir numa festa lá para ficar a noite toda dançando.

    • E daí?

    • Daí que eu não curto dançar, você sabe.

    • Sei… esse foi o problema?

    • Não só… tipo eu tive que ficar lá falando com os amigos dela e tal.

    • E?

    • Eu não gosto disso… você sabe que eu sou meio anti social.

    • Entendo… bem, me parece que é importante você dizer isso para ela.

    • Porque?

    • Porque é quem você é. A opção é ficar fingindo que você gosta de fazer isso.

    • Putz… mais essa!

     

    Talvez um dos pontos mais importantes e menos discutidos sobre relacionamentos seja o dos defeitos. Hoje venho trazer ao leitor à reflexão: o que fazer com os seus defeitos?

    Um trabalho que tenho desenvolvido vem na linha de aprender a deixar claro à pessoa com que você se relaciona os seus defeitos assim como a maneira de lidar com eles. Em outras palavras – mais assustadoras talvez – dizer claramente para o outro quais os seus defeitos e problemas.

    Isso não deve ser feito numa alegação de vitimização “ó… eu sou assim, mas me compreenda, eu sofri quando criança” e nem em uma situação que espera ganhar poder através disso “eu te avisei que sou assim, agora me aguente”. Deve ser feito compreendendo que um problema é um problema e que é importante o outro saber disso para administrar melhor a relação com você, porém a responsabilidade sobre o problema continua sua.

    A atitude é mais ou menos assim “eu tenho este problema, sei que sou difícil e você tem a liberdade de me avisar quando estiver sendo assim. Algumas vezes vou escutar e em outras, quando eu não conseguir me conter, prometo que vou sair de perto para me acalmar e depois a gente conversa, é um limite meu.” Isso garante que o outro não se torna responsável pelo seu defeito e, ao mesmo tempo, compartilha dele na convivência com você. Ao mostrar como lidar com o problema você assegura a sua responsabilidade frente ao seu problema.

    O grande problema para isso ocorrer é que ninguém que assumir e muito menos falar abertamente sobre os seus defeitos. E o problema com isso é: não dá para esconder os nossos defeitos, mais cedo ou mais tarde, em um ou outro tipo de situações eles sempre se mostram. A ideia de falar abertamente – e cedo – sobre eles é deixar claro para a pessoa se ela topa conviver com estes defeitos. Num outro post escrevi sobre esta necessidade do mundo atual: falar sobre os defeitos da relação.

    Nossa obsessão com a satisfação é o que faz com que criemos expectativas irrealistas sobre nós, os outros e as relações humanas. Não quero dizer, com isso, que você deve viver numa relação ruim para você, mas sim que todas as relações possuem problemas. John Gottman um estudioso de relacionamentos humanos em seu livro “Os 7 princípios para o casamento dar certo” afirma  que existem problemas que não são solucionáveis num casamento, ou seja, serão problemas que vão acompanhar o casal para sempre e ainda afirma que a ideia de que um casamento bom é aquele no qual as pessoas resolveram todos os seus conflitos e seguem sem nenhum problema é  falsa. Assim sendo a afirmação do problema e a negociação para viver com o problema e em harmonia é a chave para um casamento realmente satisfatório e não a completa exclusão de problemas.

    Porque viver numa relação com problemas você pode ser perguntar. Em primeiro lugar porque o mundo não está aqui para satisfazer as nossas necessidades. Em segundo lugar porque viver a vida é aprender a lidar com problemas e não a não viver com eles, problemas nos fazem crescer. E em terceiro lugar, porque não? Afinal se relações tem problemas a vida também os tem!

    E ai, quando você vai marcar aquela conversa sincera com o seu conjugue?

    Abraço

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