– Daí, Akim, entrei lá e tentei me comportar legal sabe? Para as pessoas me notarem, queria agradar à todos.
– Sei sim. E como foi?
– Ah, foi meio complicado. Algumas pessoas conversaram comigo, mas outras não. Fiquei achando que não fui muito bom.
– E como seria se você “fosse bom”?
– Acho que todos iriam querer falar comigo depois do curso, pelo menos dar um “oi” sabe?
– Sim, sim. E me diga uma coisa: dessas pessoas que foram falar com você, quantas eram pessoas que você queria que falassem com você?
– Como assim?
– Você buscou se comportar de uma forma a agradar todos não foi?
– Foi.
– E você não observou o comportamento dos outros para ver aqueles que você gostaria que se aproximassem de você?
– Hum… não.
– Que coisa! Quer dizer que você não liga muito para quem vai se aproximar de você desde que se aproxime?
– Parece que sim né? Estranho.
– Pois é… como seria se você buscasse conhecer as pessoas e ver aquelas que valem a pena para você conhecer mais e investir em uma amizade, por exemplo?
– Seria bem diferente do que eu faço hoje, algo que eu acho que preciso aprender.
É algo muito interessante quando prestamos muita atenção ao que os outros pensam de nós: não paramos para pensar no que nós pensamos dos outros. O resultado é uma relação sempre tensa e nem sempre espontânea na qual interpretamos cada olhar, cada palavra, cada gesto como um sinal de aprovação ou reprovação do nosso eu. Isso é muito desgastante.
Além de desgastar, também tira o foco de outra atividade importante no convívio social: identificar as pessoas que nós desejamos nos aproximar e conhecer. Enquanto nos importamos com o pensamento dos outros não conseguimos nos importar com o nosso pensamento. Aqui, inclusive, vale uma ressalva: é muito difícil sabermos com certeza o que se passa na cabeça de outra pessoa, mais complexo ainda quando não conhecemos ela adequadamente e pior ainda se ela está junto com várias outras pessoas, pois nunca se pode saber ao certo para quem foi direcionado o “olhar de desdem”, por exemplo.
Um outro ponto importante é que a preocupação exagerada pode, muitas vezes, ser um tiro no próprio pé. É o que chamamos de “profecia que se auto realiza”. Ao pensarmos que não estão gostando da gente em uma festa, por exemplo, começamos a nos comportar de uma forma diferente da habitual e, então, começamos a chamar atenção por aquele comportamento o qual faz com que algumas pessoas, de fato, desaprovem-nos e então construímos, nós mesmos, a nossa cova.
Procure perguntar-se: que tipo de pessoas eu quero para a minha vida? Que tipo de comentários eu vou dar atenção? As pessoas podem julgar qualquer pessoa de qualquer forma pelos mais variados motivos. Agradar à todos é uma tarefa impossível por este fato. Assim é melhor comprometer-se a criar seus próprios limites em relação ao que você vai levar e ao que você não vai levar do julgamento dos outros. E por fim indagar-se o que você está achando das pessoas que ali estão: quem você quer conhecer melhor?
Abraço
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