- Tenho me sentido muito mal.
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Tem sido difícil lidar com o término?
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Sim…
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O que está sendo mais difícil?
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Eu fico me lembrando dele indo embora do restaurante…
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Uma cena dolorosa…
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Muito… ele disse que preferia sair antes para eu entender que ele tinha terminado mesmo. Sair sozinha de lá foi horrível.
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Receber uma recusa é algo difícil para todo ser humano, desejamos o contato.
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Sim.
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Porém onde ficamos quando recebemos uma recusa é um fator importante para definir como lidar com isso.
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Eu fiquei na mesa… me sentia uma garotinha.
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Imagino, é uma cena que se repete na sua vida não é?
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É…
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O que você fez com a garotinha que sentiu ser?
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Não sei… acho que não fiz nada…
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Quando uma criança é abandonada é importante ajudarmos ela a sentir que ela tem valor e que o abandono é uma escolha do outro.
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É… não me sinto com nenhum valor mesmo…
Ser preterido é algo que incomoda o ser humano. Somos seres gregários por “natureza” e a exclusão tem um valor muito dolorido para todos nós. Gostamos de poder ter proximidade e distância, porém quando a distância se impõe e se torna a única escolha temos que aprender a lidar com a solidão, com a exclusão e com nosso lugar no mundo e para nós mesmos.
Esse é o drama quando somos preteridos. Existem pessoas, no entanto, para quem este drama não se mostra apenas no término de um namoro ou no final de uma amizade, é uma marca registrada em sua identidade e ela se percebe como a pessoa que é preterida. Sente-se “o(a)” “excluído(a)”. Esse sentimento é altamente deteriorante da auto estima principalmente porque, em geral, vem acompanhado de sentimentos de não merecimento de companhia. Em outras palavras a pessoa explica para si a sua identidade de “excluído” afirmando que ele fez algo errado e, por isso, não merece companhia.
Quando se “é” um excluído passa-se a perceber o mundo, as pessoas e as relações em termos de inclusão/exclusão. Isso, porém, não é tudo, afinal cada exclusão deve ser explicada e a explicação, em geral, é “não mereço”. Então, o conflito entre abrir-se ao mundo e o medo profundo de receber mais uma exclusão torna-se o drama da vida da pessoa. De um lado, desejosa de ter afeto e um lugar, de outro amedrontada em tomar as iniciativas necessárias para realizar o seu sonho visto que ela “sabe” que não é digna ou merecedora deste afeto.
Este não merecer, em geral, é um aprendizado que a pessoa cria a partir das relações que teve e do que ocorreu nelas. “Porque não gostam de mim?” Esta pergunta leva à busca de um defeito (“o que há de errado comigo?”) que muitas vezes não existe, ou então, não é algo que justifica o destino de exclusão o qual a própria pessoa se impõe. Aprender a verificar as premissas que tornam a pessoa um excluído é ajudá-la a buscar os furos na sua auto estima e, com isso, preenchê-los. Ao fazer isso a pessoa constrói a confiança pessoal de que tanto precisa para abrir-se ao mundo.
Não melhorar a auto estima implica em pessoas que “não precisam” dos outros ou daquelas que fazem qualquer negócio para ter uma companhia – e terminam sendo descartados por se tornarem insuportáveis aos outros. O primeiro tipo é aquele que busca na arrogância uma proteção contra a sua própria solidão, vê o mundo como chato e enfadonho e as pessoas como não merecedoras do seu afeto, projeta aos outros a solidão e dor que sente em si. Desta maneira trata as pessoas como desiguais e inferiores, quando encontra alguém à sua altura tem uma abertura sempre ansiosa e desconfiada a qual faz com que a pessoa encontre evidências que digam que é melhor fechar-se novamente. Outra opção é que a pessoa se torna tão chata e arrogante que não consegue, de fato ninguém para aproximar-se, e então acaba comprovando para si a ideia de que as pessoas são – todas – chatas e é melhor ficar sozinho. O segundo assume a culpa de ser inferior e mendiga afeto com qualquer pessoa, em geral, alvo fácil de pessoas que precisam de alguém para desdenhar e de tanto serem pedintes com relação ao afeto acabam desgastando a relação o que só comprova a sua teoria de auto culpa.
O caminho de melhora da auto estima revela-se quando a pessoa aceita a dor e o medo da solidão. Ao assumir isso pode-se buscar as ideias que causam a identidade de “excluído”. Quando se faz isso busca-se nas relações importantes da pessoa a dinâmica que a faz assumir este papel assim como a maneira pela qual ela mantém o papel (comprovando-o). Seja pela via da arrogância ou mendigando afeto a pessoa deve compreender as emoções que guarda dentro de si, lidar com elas, perdoar quem precise perdoar e passar a aprender como se abrir e trocar afeto de uma maneira saudável.
E você, como lida com a exclusão?
Abraço
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