- Mas ele não se mexe Akim!
-
Eu sei. Porque ele tem que se mexer?
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Você sempre vem com isso… ele é meu parceiro!
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E?
-
E daí que ele sabe das coisas que eu gosto de fazer!
-
E?
-
Como assim “e”?
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Ora, ele está aqui neste mundo para ficar satisfazendo suas expectativas?
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Deveria!
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Só não sei se ele assinou este contrato quando encarnou aqui!
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Ai…
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Você fica irritada com isso, percebe?
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Sim.
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Irritação é algo que, de alguma forma, nos machuca. O que está te machucando ou incomodando?
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Essa coisa de ele não fazer e eu querer…
-
Pois é, junto com isso, o fato de ele não ter responsabilidade por isso… sei que você sabe disso. Porém isso coloca você numa posição que você não gosta, qual é?
-
Eu ter que pegar e fazer né?
-
Exato!
Em terapia sempre busco trabalhar com meus clientes o que eles desejam. Usa-se muito tempo nisso, compreender o que desejo e onde estou são fatores fundamentais para que a pessoa possa (1) saber onde está, (2) saber onde deseja chegar e (3) compreender o que precisa fazer para chegar lá.
Um dos grandes entraves para que o item 3 seja concluído é quando a pessoa não possui as habilidades necessárias para “chegar lá”. A tendência mais comum do ser humano é culpabilizar terceiros ou se colocar como incompetente. É famosa a frase “ah, mas eu sou assim”, como se uma mudança pudesse alterar a personalidade da pessoa ou fosse algo inatingível.
A frase, porém, não se trata de uma mera desculpa esfarrapada, mas é constituinte de toda uma formação de identidade que conduz a pessoa para este raciocínio sobre ela, seus desejos e o mundo. Quando a pessoa se percebe como “credora” ela deseja ser ressarcida do seu investimento. Assim o seu trabalho é desejar e não construir. Idealistas são, muitas vezes, pessoas com esta dinâmica: projetam, mas não concretizam, desejam, mas não fazem, existe um hiato entre o pensamento e a ação.
Uma das causas de tal hiato é a incompetência que a pessoa tem em lançar-se ao mundo e construir. Esta incompetência pode ser simplesmente uma incompetência de fato – ou seja, a pessoa realmente não sabe como fazer – ou pode ser algo aprendido – ela aprendeu que não pode, não consegue e passa a seguir esta crença interna, mesmo sendo competente.
Aprender a desenvolver competências é fundamental para ambos. Existe uma diferença entre o imaginar e o agir. A experiência cria conexões neuronais de uma maneira distinta da imaginação. Esta experiência precisa ser validada para a pessoa para que ela compreenda a dinâmica da intenção.
A intenção é algo que vai da mente da pessoa para o mundo. Em outras palavras quando se “intende à algo” a dinâmica é criar algo “dentro” de si e buscar concretizar este algo “fora” de você. Este é o ato da experiência e este papel de “criador” é o que a pessoa não possui. Aprender a “ser” um criador pode ser algo muito interessante e divertido quando o foco é exatamente naquilo que se deseja. Gerar competência, aprender a ter determinados comportamentos e atitudes mentais precisa ser vinculado à identidade da pessoa, à quem ela é – ou como ela se percebe. Quando isso ocorre ela deixa de ser um credor do mundo, deixa de depositar suas fantasias no universo e começa a depositá-las na sua competência de agir – ou não, encontrando seus limites e podendo refazer suas listas de prioridades.
Você culpa o mundo ou arregaça as mangas?
Abraço
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