- Sou uma idiota mesmo!
- Porque?
- Imaginei que eu poderia ter sido mais legal com as pessoas na festa do meu marido.
- Como assim?
- Bem… eu não gosto muito das festas que ele dá e menos das pessoas, mas acho que eu poderia ter sido mais… ou talvez menos chata sabe?
- Ok, mas o que te torna uma idiota?
- Bem… sou idiota porque… fiz isso… fui meio grossa, não fiquei o tempo todo conversando com as pessoas.
- Entendi. Você se sente mal com isso?
- Sim… eu sempre faço isso sabe? Sempre sou uma idiota o tempo todo.
- Entendo… deve ser difícil para você ser uma idiota.
- É.
- Mas qual a diferença entre fazer o que você faz e ser uma idiota?
- Ué… é meio que a mesma coisa sabe?
- Não, porque mesmo pessoas “legais” podem ter um dia ou outro deste comportamento e não se consideram “idiotas” por isso.
- Ah… mas eu é sempre.
- O problema é, então, quem você é ou o que você faz?
Uma das maneiras de perceber se você está tendo problema na relação entre comportamento e identidade é perceber se você se classifica pelos comportamentos inadequados que tem ou pelos erros que comete e então toma esta classificação como uma estrutura fixa fazendo, junto com isso, um julgamento moral. Em outras palavras menos técnicas: se você comete um erro e diz, por exemplo, “sou um fracassado mesmo” e fica com esta percepção de si (fracassado) sentindo-se assim com frequência, é melhor repensar o elo que você cria entre o que faz e quem você é.
A identidade incorpora o comportamento. Ou seja, ela é maior do que o comportamento. Quando a pessoa se diz idiota por ter tido determinado comportamento ela está se reduzindo ao comportamento. É como se ela fosse aquilo que fez. Esta auto identidade é perigosa por acabar tornando-se um ciclo vicioso que induz a pessoa a repetir o comportamento porque, afinal de contas, “eu sou assim né?”. A falácia na lógica é que a identidade “quem sou” pode incorporar vários comportamentos e não apenas um determinado tipo de comportamento. Assim, mudar o comportamento não significa mudar quem sou, mas sim ampliar a possibilidade de experiências disponíveis ao “eu”.
O problema de tornar o comportamento a sua identidade é que comportamento é que torna a identidade rígida e limitada. É como a pessoa que se identifica tão profundamente com sua profissão que não consegue mais ter relações sociais no “nível pessoal”. Não sente-se atraída por nada que esteja fora do seu âmbito profissional, torna-se limitada neste sentido e deixa de ter experiências importantes e às vezes necessárias para sua vida.
O “eu” é mais do que aquilo que faz. O que mais eu sou? O que mais eu faço? O que mais eu represento? Estas são perguntas importantes de se fazer quando você está profundamente identificado com um comportamento ou com sua profissão. Ampliar é o que nos possibilita, neste contexto, mais comportamentos para vivermos nossa vida e resolvermos alguns problemas que podem ocorrer nela.
Você é só o que faz ou é mais? As possibilidades daquilo que pode fazer e de coisas que já fez e que são diferentes do que fez hoje não são partes do seu “eu”?
Abraço
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