- Mas sabe… o estranho é que eu estou fazendo algo que eu gosto.
-
Entendo… você faz algo que gosta, mas não está gostando de fazer é isso?
-
É! Estranho né?
-
O que tem de estranho nisso?
-
Eu deveria gostar…o normal, sei lá, seria isso!
-
Sim… é comum a gente ter desilusões em relação ao que gostamos de fazer.
-
Sim eu sei disso, mas é algo mais… é quase um desânimo.
-
Sabe… quando a gente faz algo obrigado, mesmo aquilo que gostamos pode se tornar uma obrigação chata.
-
Hum…
-
Estou certo no meu palpite?
-
Sim… acho que sim… eu me cobro muito mesmo…
Existem dois tipos básicos de motivação: aquela que te direciona à algo e aquela que o afasta de algo. Estas duas maneiras não são certas e nem erradas, mas cada uma delas provoca um efeito diferente em nossa mente e emoções, compreender isso é fundamental para manter nossos sonhos e desejos ativos.
O desejo de ir em busca de algo reflete iniciativa e conquista. É o tipo de motivação que te impulsiona à construir, imaginar um futuro melhor do que o presente e gerar competência para criá-lo. Usar a motivação desta maneira gera interesse, curiosidade e resistência à frustração. Existe o cansaço porém, em geral, vem associado com uma sensação de conquista, é o famoso: “cansado mas feliz”. As pessoas que usam a motivação assim conseguem ver de maneira clara um progresso – mesmo que seja pequeno – em suas vidas.
Afastar-se de algo implica num desejo de não ir em direção à um determinado futuro. É a evitação de algo ruim no futuro, o desejo de manter o presente tal como está. O efeito é de ansiedade pelo fato de que o futuro é pior do que o presente e a busca é de manter o presente da mesma maneira. A pessoa assume uma postura mais defensiva e passiva no sentido de “esperar o futuro” e verificar se a situação não mudou. Tende-se a ser meticuloso e altamente irritável por precisar perceber cada pequeno detalhe e não permitir que ele mude.
Ambas formas de motivação são úteis dependendo da situação em que você se encontra. Compreender qual o melhor para você é muito importante. Algumas vezes é preciso e sábio tentar manter a situação do mesmo jeito porque o futuro pode, de fato, ser pior. E outras é melhor buscar criar o futuro ao invés de esperá-lo chegar. Se o que você deseja é algo diferente do que existe hoje, em geral a melhor saída é buscar construir o seu próprio futuro ao invés de tentar manter o presente. Por outro lado, se você deseja manter ou reforçar o “status quo” da sua vida pode ser melhor a evitação da mudança.
Ocorre que as pessoas fazem a escolha contrária, por exemplo: desejam ter novas competências e focam no erro. Algo muito comum, mas que mina a iniciativa, motivação e o desejo. Se desejo adquirir novas competências devo imaginar um futuro melhor do que tenho hoje e abrir-me para criar este futuro, o erro é parte do processo de aprendizado. Se foco no erro estou buscando mudar sem que nada mude, ou seja, adquirir uma nova competência sem a possibilidade de erro, o que é quase impossível no caso de aprendizagem.
Desta maneira embora estejam fazendo aquilo que desejam fazer estão, também contribuindo contra o seu processo. É como acelerar o carro com o freio de mão puxado. Faço aquilo que quero, estou construindo o meu futuro, porém mantenho o foco naquilo que está mudando e desejo manter o presente do mesmo jeito que está. Enquanto foco para manter o presente – não mudar – desejo a mudança. Dá para perceber o paradoxo assim como o problema que isso gera, é como fazer força para a esquerda e para a direita ao mesmo tempo. Não funciona bem. “Não funcionar bem” não significa que a pessoa não consegue ir adiante, porém o custo emocional é maior e muitas vezes gera um problema desnecessário de pressão e estresse.
E você: está indo do jeito “certo” na direção “certa”?
Abraço
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