- Eu sei que já sei o que tenho que fazer…
- Sim.
- O que eu preciso agora?
- O que você acha?
- Não sei! Eu já entendi o motivo, já bolei tudo o que tem para bolar!
- Claro… e aí?
- E aí!? Porque eu não faço logo?
- Boa pergunta!
- Daí fica confuso.
- Sim, você está segurando um leão aí dentro… pra que? Solte ele!
Um dos pontos mais importantes no trabalho com motivação é ajudar as pessoas a perceberem a importância de agir. A ação tem papel fundamental no que tange à organização dos hábitos e mudanças ocorrem com novos hábitos.
Quando a motivação é criada ela precisa ser executada. É necessário porque quando a motivação está alinhada dentro da pessoa não agir implica em criar problemas. Se o comportamento não segue o alinhamento de crenças, identidade e motivos a pessoa está criando desarmonia para si mesma. Com isso ela pode ter confusões, sentir sensação de culpa ou frustração ou até mesmo raiva.
Agir, uma vez que se possui todos os outros critérios faz com que todo o planejamento interno seja percebido no real. Organiza e “obriga” o corpo a “entrar no ritmo”. Usualmente em nossa cultura dá-se pouco valor à ação pensada desta maneira: como um ponto fundamental de toda uma organização interna. É como se com o comportamento a pessoa expressasse aquilo que há dentro dela e sem o comportamento ela ainda segurasse.
Uma das causas que tenho trabalhado em consultório é o medo de se entregar ao seu próprio destino. Entendo por “destino” não a ideia de que há algo pré escrito, mas sim a concepção de que aquilo que fazemos é o nosso destino. O destino é a ação. Este ponto de vista se baseia em um dos sentidos da palavra destino que é “chegada”, onde é que o nosso interior chega ao mundo? Na ação. O que nos faz temer a ação então?
Ao agir no mundo nós entregamos o nosso eu. Esta entrega engloba todos os possíveis finais: aceitação, rejeição e negação da nossa expressão. Assim ao entregar-me e agir eu perco o controle que detenho enquanto estou apenas bolando minhas ideias. A entrega deste controle é o que muitas pessoas não sabem fazer. Ver-se “sem controle” é envolver-se na ação sabendo que ela faz parte do seu próprio desejo, daí que a noção de destino se desenvolve.
É um fato que nunca sabemos se o que fazemos irá dar certo. O melhor que temos são probabilidades muito favoráveis, certezas nunca. Essa sabedoria faz com que muitas pessoas se segurem. Aprender a se entregar à si significa viver as possibilidades, os “dados do destino”. As metáforas que são usadas são muito pertinentes: mergulhe na sua experiência. O mergulho é uma entrega completa, lançar o corpo no ar e esperar que ele chegue até o seu destino.
O fim do mergulho é cair nas água. Água é emoção. Viver o seu destino é entrar de cabeça nas emoções, sentir na pele o desejo, temperatura e a textura do que é viver o que você escolheu viver. Por incrível que pareça esta é o verdadeiro teste para as pessoas que desejam seguir vidas autênticas: entregar-se àquilo que desejam – ou dizem que desejam. Esta entrega faz com que o “eu” se perca durante um período, porque a ação está tomando conta. O “eu” enquanto a ideia guardada dentro da pessoa entra na manifestação, relaciona-se com o mundo e, por este motivo a pessoa se perde. Isso dá medo. Os que sucumbem ao medo amargam a sensação de perceber que os anos passaram e nada mudou. Aqueles que ousam compreendem o que Jesus disse: “Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim salva-la-á”.
Deixo ao leitor a escolha e o mistério.
Abraço
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