Muitas pessoas buscam por sentir-se seguras. Entendem isso como algo fundamental para o sucesso e uma vida boa. E é, mas o que é ser seguro?
Uma das coisas que as pessoas realmente seguras não são é serem insensíveis. Esta é uma das confusões mais comuns. Acha-se que uma pessoa “segura”, não se abala nunca e não sente emoções, motivo pelo qual é segura. Bem, como o próprio nome já diz é diferente ser seguro e ser insensível. O insensível não precisa ser seguro, porque ele não sente. Em geral, a insensibilidade é sinal de insegurança e não o contrário.
A segurança não é uma coisa, mas sim um resultado. Pode-se dizer que não existem pessoas que “são” seguras, mas sim que “sentem” segurança em detrimento de deter conhecimento sobre determinadas coisas e habilidades. A segurança, então é algo que se faz constantemente e não algo que se tem, como um carro ou uma carteira, em outras palavras estar seguro é criar a sensação de segurança e esta mesma sensação pode ser perdida ou atenuada dependendo daquilo que se faz.
Por exemplo: uma pessoa que andava de skate na sua adolescência e era bom naquilo resolve aos 40 ( quase 25 anos depois das últimas andadas) voltar a andar. É normal supor que ele não fique 100% inseguro, porém não é de se supor que ele esteja 100% seguro também. Afinal de contas a competência que lhe dava segurança no skate está sem treino durante 25 anos e isso tira a competência. Menos competência, menos segurança, simples assim.
Num outro exemplo quando um jovem empresário começa a sua carreira está muito certo daquilo que quer e sobre onde quer chegar. Suas decisões e atitudes mostram claramente suas percepções, ele mostra segurança em seu comportamento. Anos mais tarde, pai de família suas emoções o inclinam a ficar em dúvida se quer dar ainda tanta importância ao trabalho e a segurança que sentia em suas decisões fica minada, competindo, agora com o desejo de ser pai de família.
Assim sendo é importante perceber que a segurança é um resultado e que ele é mutável ao longo do tempo em detrimento daquilo que estamos vivendo. Assim a segurança reside muito mais no processo de decisão do que nas decisões em si. Ou seja, como as decisões podem mudar ao longo do tempo é mais importante estar atento e ser honesto com o seu processo de pensamento que o leva às decisões do que com as decisões em si.
É óbvio que é importante tomar decisões e segui-las, no entanto o fundamento da decisão é como eu penso para atingir ela. Repousar a nossa segurança sobre este processo nos impede de ter que ficar presos à decisões que não nos servem mais enquanto tenta-se desesperadamente, ignorar fatos que estão aparecendo e mexendo conosco.
Desta forma o seguro não evita emoções, ele as abraça. Ele não evita dúvidas, ele as abraça. Ele não é inabalável, é flexível. Ele não “é”, ele faz. A segurança tem a ver com assumir aquilo que existe e, então criar competência para dar conta de algo que previamente não dou ou conheço, assim, a partir disso que se cria a sensação de segurança.
Abraço
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