• 12 de outubro de 2015

    Vida e criatividade

    • Então, perdi minha motivação.
    • Ah é? E onde você perdeu ela?
    • Não sei direito…
    • O que aconteceu?
    • Bem… é que o meu projeto lá teve um revés sabe e eu não imaginava que teria esse tipo de coisa.
    • Entendo. E daí, o que fez com a sua motivação?
    • Bem… perdi um pouco.
    • Perdeu, ou mudou o jeito de ver o seu projeto?
    • É… meio que o segundo… tipo, eu imaginava que fosse tudo dar certo.
    • Pois é, você só esqueceu de combinar com o resto do mundo isso não é?
    • É verdade…

     

    Encontrar a felicidade. Encontrar motivação. Falando desse jeito parece que essas “coisas” são como um celular que você esquece em algum lugar e depois acha, ou encontra. Mas será que é assim?

    Obviamente não. Não encontramos a felicidade, motivação ou até mesmo o amor. Estes estados são todos construídos. Todos conhecemos pessoas que conseguem pegar o evento mais interessante, mais legal e torná-lo um fardo pesado e sem graça. Chamamos estas pessoas de chatas, rabugentas ou pessimistas. A verdade é que não é que “elas são” assim, mas sim é que elas agem de uma determinada maneira que faz com que a vida seja vista por elas daquela maneira.

    Criar felicidade, criar motivação, criar amor, criar bons relacionamentos. Tudo isso pressupõe uma característica fundamental: criatividade. Existe um ditado que diz que quando a gente acha que tem as respostas e vida vem e muda as perguntas. Uma maneira de encarar este ditado é pensar “poxa, que droga, é bem assim mesmo, nunca podemos ficar seguros de alguma coisa”, a outra maneira é entender que se a vida não mudasse as perguntas, o jogo do viver terminaria. Ela faz isso, justamente para que possamos continuar criando novas maneiras de expressar o nosso “eu”.

    Ser criativo envolve, no entanto, saber muito bem o que se quer, ter um conhecimento pleno daquilo que é importante para você. Porque? Porque é em cima disso que se cria. A criatividade não é um leque sem um fim, pelo contrário, ela é uma ferramenta que visa concretizar-se de alguma forma. Como concretizar com comportamentos, atitudes e pensamentos o que eu desejo de uma relação? O como eu gostaria de me sentir em relação às atividades que tenho no meu dia a dia? Em relação ao como eu gostaria de lidar com situações difíceis?

    Ter criatividade, neste contexto é o oposto daquilo que chamamos “omissão de escolha”. Um exemplo muito comum da omissão de escolha é a bebida. Muitas pessoas bebem como uma maneira de mudar o seu estado de humor: relaxar, se descontrair e se divertir. O problema é que para muitas (muitas mesmo) a bebida não é uma escolha, mas sim uma omissão de escolha porque, na verdade, ela é a única forma pela qual a pessoa sabe se divertir e relaxar. No consultório sempre escuto, com uma voz atribulada, a pergunta: “mas como vou me divertir sem beber nada?” Este é o caso em que a pessoa perdeu o contato com sua criatividade, ela só sabe uma forma de conseguir se divertir. Em outras palavras: sem bebida, sem diversão.

    Quem não bebe acha estranho ouvir isso porque sabe como fazer para se divertir sem beber. Para esta pessoa a bebida é mais uma opção de divertimento e ela pode, verdadeiramente, escolher se prefere relaxar e esquecer dos problemas para se divertir na festa bebendo, ou praticando um pouco de respiração, ou cantando bem alto uma música que o alegre ou ainda descarregando a tensão em exercícios físicos. Todos estes comportamentos são várias formas de alcançar a mesma coisa: o relaxamento mental que possibilita a diversão (neste exemplo da bebida).

    Para encerrar, então, convido você à pensar nos situações que vive e pensar nas respostas que dá à elas. Situações em que você se sente bem ou mal, que tem facilidade ou dificuldade. Pense em várias outras possibilidades de resposta que você pode ter na mesma situação. Você não precisa necessariamente testar – embora fosse interessante fazê-lo, quem sabe o que pode acontecer? – porém o simples fato de exercitar isso o deixará mais apto à reagir quando a vida realmente precisar da sua criatividade.

    Abraço

     

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