- Eu não aguento mais isso!
- Concordo! Que bom!
- E o que eu faço? Você sabe que eu já tentei ajudar ele!
- Sim.
- E ele não faz nada Akim! Ele não muda nada!
- Eu sei.
- Então?! O que eu faço?
- Que tal parar de brigar contra isso?
- Como assim?
- Aceite que ele é assim. Não quer mudar.
- Mas porra… é ruim para mim isso.
- Sim, eu sei… e acho que está na hora de lidar com esta realidade…
- (silêncio)
- Você saberia como fazer?
- Não… acho que não… eu não quero terminar ou que ele termine… tenho medo disso.
- Sei… e ao mesmo tempo não consegue ficar da maneira que está não é?
- É…
- Vamos lidar com isso então, ao invés de lutar contra isso, que tal?
- Pode ser (suspiro)
Talvez um dos grandes aprendizados que podemos ter é de compreender quando algo está solucionado de fato ou quando algo não tem solução.
Ver uma pessoa tentando mudar uma característica de uma outra pessoa próxima à ela é um exercício interessante. Acompanhar a obstinação com que algumas pessoas atacam o “problema” e como tomam como pessoal o sucesso ou insucesso nesta empreitada me fez ter várias compreensões sobre este tema.
Uma delas é que para você criar um verdadeiro inferno para você mesmo, um dos primeiros passos é buscar modificar o comportamento de outra pessoa. Quanto mais você assumir como uma falha pessoal a não-mudança no comportamento do outro, mais infernal será a sua vida e mais frustração você irá acumular para você mesmo.
Outro procedimento igualmente forte é tentar adivinhar o que o outro pensa. Porque perguntar quando tentar adivinhar é mais interessante? A elaboração de inúmera hipóteses sobre o que a pessoa está pensando quando “faz aquilo” assim como as motivações que a levam à pensar deste jeito associado ao ato de tentar, por meio destas deduções, modificar o comportamento do outro é um bálsamo para aqueles que desejam ter seus dias transformados numa constante corrida contra a tranquilidade.
Estes exemplos vem para ilustrar que o comportamento do outro é algo que se encaixa dentro da concepção de “solucionado” ou “sem solução”. O comportamento do outro é, simplesmente, o comportamento do outro. Quando a pessoa realmente compreende isso e passa a reagir ao comportamento ao invés de tentar moldar o outro ela passa a se tranquilizar mais. O outro lado da moeda é quando tenta, com todas as uas forças modificar o outro. Esta tentativa além de ser altamente ineficaz é fonte constante de frustração.
Aprender quando algo simplesmente “é” faz parte de relacionamentos felizes. John Gotman diz para resolvermos nossos problemas resolvíveis. Eu gosto desta concepção porque ela é respeitosa e realista. Ocorre que todo mundo já ouviu a ideia de que o outro não está aqui para nos agradar, mas nem todos colocamos isto para funcionar. Aprender quando uma pessoa simplesmente é diferente e que nós somos quem não gostamos desta diferença ajuda a harmonizar a relação.
Embora este texto possa soar como um “acomode-se”, devo dizer que é exatamente o contrário disso. É óbvio, e ao mesmo tempo importante, ressaltar que aceitar a característica de uma outra pessoa nem sempre significa em concordar, gostar ou ter que aturar isso. A ideia deste texto é demonstrar que quando compreende-se a “coisa” como o que ela é, deixa-se de brigar contra ela, passa-se a aceitar a realidade e a partir disso, reagir à realidade.
Por exemplo, muitas mulheres que tem esposos violentos tem em comum a ideia de que elas estão fazendo algo errado, que não são suficientes para o marido e, por esta razão, apanham. Este pensamento acaba por alimentar o ciclo de violência. Quando elas se tocam de que o problema da violência é do outro, que ele realmente é violento e passam a aceitar isso como realidade, a atitude começa a se modificar.
Contra o que você está lutando?
Abraço
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