– E daí fiquei lá sabe, só esperando para ver o que acontecia
– E o que aconteceu?
– Nada, obviamente. Fomos na tal reunião e ele ficou lá festejando e eu querendo morrer sabe?
– Sei sim. Mas me diga: porque você não disse que não queria ir?
– Ah tem coisas que não precisa falar.
– Mas tem outras que precisa.
– Então você tá me dizendo que eu deveria ter dito para ele: “ó, não gosto de lá, não quero ir”?
– Sim, como você comunicou que não queria ir?
– Ele tinha que ter percebido pelo tom de voz que eu falei “vamos” né?
– Hum, talvez ele tenha percebido a mudança no seu tom de voz, mas associar isso com “não quero ir” talvez tenha sido complicado não?
– Ai, sei lá. Não gosto de ter que comunicar tudo desse jeito.
– Eu sei, por isso que você sempre me conta essas passagens de fazer o que não quer ficar culpando o seu namorado não é mesmo? Quem sabe se você disser: “Não quero”, “quero”, “não gosto”, “gosto”, “quero esse” a relação não fica mais simples?
– É, talvez…
Comunicação é fundamental em qualquer relação. Expressar desejos, gostos e preferências faz com que a pessoa consiga nos perceber de uma forma mais adequada, sem isso deixamos preferências importantes sobre nós passarem desapercebidas. Cinema, por exemplo, dizer que quer ir num filme ao invés de outro é importante, dizer que gosta de comédia, mas não gosta de terror faz parte de uma relação.
O problema é que muitas vezes criamos duas expectativas sobre as pessoas: que elas “tem que saber” e que ela “tem que perceber”.
“Ter que saber” é uma expectativa do tipo: “como assim ele (a) não sabe que não se faz isso?”, “Como assim ele (a) faz isso desse jeito?”. Tem a ver com comportamentos que esperamos que o outro tenha de uma determinada forma, apenas pelo fato de que nós agimos ou gostaríamos que agissem assim com a gente. Aí cobramos do outro algo que ele nem sabe que existe.
“Ter que perceber” é uma quando a pessoa “dá a entender” e espera que o outro “entenda”. Aí a pessoa diz algo com um tom de voz diferente, olha para o lado, dá uma olhadela para cima, bate o pé no chão, enfim, tem inúmeros comportamentos querendo sinalizar que não está gostando, ou que quer algo especifico do conjugue, no entanto nenhum destes comportamentos deixa claro o que a pessoa não quer ou o que ela quer de fato.
Deixe claro a sua expectativa, é mais simples e mais rápido. Indiretas são pegas às vezes, às vezes não – e na minha prática clínica tenho visto que o às vezes não é muito mais numeroso – aprenda a ensinar com amor as pessoas que você gosta a lidarem contigo, esse é um fundamento do bom relacionamento.
Abraço
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