– Eu me sinto mais tranquila quando estou com ela sabe?
– Sim, claro que sei e me parece muito bom isso. O que estou curioso para saber é o que, especificamente lhe traz essa tranquilidade?
– Hum, não sei ao certo. Simplesmente estar com ela entende?
– Sim. Veja bem, estamos trabalhando estes momentos em que você fica muito brabo com algumas atitudes dela não é mesmo?
– Sim.
– Perfeito, no entanto, a sensação que você tem ao estar com ela é de tranquilidade, certo?
– Certo.
– Geralmente ocorre alguma coisa que faz essa tranquilidade se tornar raiva não tem?
– É, penso que sim.
– Então, o que será isso?
– Hum… não sei direito… acho que, geralmente, é quando ela meio que não concorda comigo sabe?
– Hum… muito bom, qual o problema em ela não concordar?
– Sei lá… parece que está me desaprovando entende?
– Sei sim, é assim que chega para você é?
– É, acho que é isso sim.
– Então ao discordar o que os seus ouvidos escutam é: “eu desaprovo você”. Como se ao discordar com relação ao que comer, ela estivesse desaprovando você como um todo?
– É (risos) agora você falando parece até meio estranho.
– Perfeito, vamos trabalhar com isso então: em primeiro lugar tem uma diferença entre ela discordar de uma opinião sua e ela desaprovar você não tem?
– Tem.
– Segundo e mais importante: quem é que precisa aprovar você enquanto pessoa?
– Eu mesmo né?
– O que você acha?
– É, sou eu mesmo.
– Perfeito, vamos trabalhar com isso então, que parece?
– Vamos lá!
Muitas pessoas esperam que o conjugue – seja ele noivo, marido, namorado – lhe tragam a sensação de serem “aprovados”, “aceitos”. Esta expectativa é um tanto complicada, pois não é função do outro aprovar você. A aprovação do “eu” é um tipo de aprovação que deve ser feita exclusivamente por nós, a partir de um feedback interno.
Geralmente quando a pessoa não se aceita, não se aprova ela tem a necessidade de que o outro supra isso. O grande problema é que é uma tarefa fadada ao fracasso, por que? A forma mais usual de sentir-se aprovado tem a ver quando queremos que o outro aprove as escolhas que fazemos, ora, fatalmente chegará o momento em que o outro irá discordar. E é aí que se instala a confusão: o outro estará discordando de uma opinião, simplesmente isso. Mas isso chegará como uma rejeição ao “eu” da pessoa. Por isso muitas “briguinhas “bobas” ocorrem em relacionamentos: uma pessoa sente-se ofendida porque o outro discordou dela pois sente esta discordância como uma desaprovação do seu “eu”.
O primeiro passo é aprender a diferenciar entre discordar das opiniões e desejos e rejeitar o meu “eu”.
O problema da rejeição do “eu” deve ser tratada aprendendo a sustentar o seu “eu” com um feedback interno ao invés do externo. É a sua aprovação que deve contar em primeiro lugar. Trata-se de algo que as pessoas não possuem acesso, elas podem ver você, tocar você, se relacionar com você, no entanto o seu “eu” é algo privativo acessível somente à você mesmo. Daí que você pode ter a sensação de rejeição, mas esta somente poderá ser “real” se você, ao ser rejeitado pelo outro, também se rejeitar.
Daí que aprender a criar auto-confiança, auto-estima, auto-aceitação são os passos fundamentais para o caminho de se auto-aprovar e não – como muitas pessoas desejam quando vão ao consultório – tentar encontrar técnicas mais eficazes de convencimento dos outros. Aprovar o nosso “eu” é algo que depende da nossa relação com nós mesmos e não da dos outros.
Abraço
Visite o nosso site: www.akimpsicologo.com.br