• 10 de setembro de 2012

    Valorização

    – E ninguém me valoriza sabe?

    – Sim, entendo.

    – Aí é complicado, como é que eu vou me expôr, dizer o que penso se ninguém me dá valor?

    – É complicado mesmo né?

    – É sim!

    – Você estava me contando de um dia que você estava na sua casa e teve uma ideia de sair, assistir um filme ou algo assim, lembra-se?

    – Lembro, foi de ir pegar um filme que eu queria ver e não tinha visto no cinema.

    – Perfeito: o que você fez naquela situação mesmo?

    – Eu não fui. Pensei assim: a, bobeira, vejo outro dia quando der mais tempo…

    – E isso que era um final de semana não? Sexta à noite!

    – É….

    – Pois é… esse é um exemplo, tem outros nos quais você sempre abre mão de alguma coisa sua, desvaloriza um ato seu, lembra quando eu elogiei uma atitude sua um tempo atrás?

    – Lembro, eu não consegui receber o seu elogio, fiquei até meio braba.

    – Pooois é… então, que tal a gente começar a trabalhar com você se valorizar ao invés de ficarmos aqui brigando com esse “povo safado” que não quer te dar o valor que você merece?

    – Eu acho uma ideia boa e difícil.

    – Mas se é boa, vale a pena não é?

    – Ah sim, eu acho que vai valer sim!

    Quando se busca valorização nos outros temos um problema inicial: e se o outro não gostar do que gostamos? Ou se a nossa forma de agir seja uma forma que o outro não gosta?

    Este problema inicial deve ser superado buscando a valorização em outro lugar: nós mesmos. Começamos a falar, então de auto-valorização. Não tem nada a ver com valorizar-se de forma desproporcional – o culturalmente “se achar” – pelo fato de que estamos falando de nós mesmos. Quem “se acha” não está se valorizando, é só uma outra face da moeda da baixa auto-estima. Quem se valoriza demais não está valorizando à si, mas sim à uma imagem que ele tem de si que é muito diferente do que ele é, o mesmo vale para quem não se valoriza.

    Como se valorizar?

    Inicialmente começamos a prestar atenção no que fazemos e dar um valor ao que fazemos. Podemos nos dizer: “esta comida que eu fiz está uma delícia”, “adoro meu rosto”, “estou lindo(a)” hoje. Obviamente o que valorizamos deve ser verdadeiro, não diga “estou lindo” apenas por dizer, você deve realmente perceber isso.

    Este pequeno passo pode ser aplicado à varias áreas da sua vida, com o tempo algo começa a ocorrer: você começa a se perceber uma pessoa legal, bela, divertida, estudiosa, seja lá qual forem os seus atributos. Com isso você passa a entender que o que você faz tem valor, ou seja, o fato de você estar aqui respirando não é apenas um gasto de oxigênio, é, na verdade um fenômeno que faz a diferença na vida de muitas pessoas e na sua também, é de alto valor essa respiração, ela tem valor… você tem valor!

    Começamos a querer nos agradar então, sonhar, desejar e perceber que temos a nossa marca única no mundo. Isto nos faz querer valorizar esta marca, que é única e, com isso estamos no caminho da auto-valorização. Então não precisamos mais que nos digam que nós somos ótimos: podemos fazer isso por nós mesmos. E sem nos achar.

    Abraço

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