– Então Akim… estou bem em dúvida sabe?
– Sei… imagino. São “bons partidos” né?
– (risos)Sim…
– Me conte uma coisa… quando pensa neles, qual a diferença nas sensações que eles provocam aí dentro?
– Hum… o Marcelo me causa uma coisa mais… tipo… sinto como se chegasse em casa com ele. Já o Fred é uma coisa diferente… com ele parece que estou falando comigo mesma. O Fabiano é uma coisa mais de carne mesmo… não tem muito papo com ele sabe? (risos)
– Entendo, pouco papo e muita ação é?
– Sim.
– Perfeito… bem… você está vivendo estas sensações… qual delas casa mais com a ideia de relacionamento que você quer?
– Hum… acho que a que tenho com o Fred…
– Qual o nome dessa sensação?
– É… acho que… intimidade sabe? Eu falo coisas para ele que eu não consigo falar para os outros… não tem essa abertura eu acho… e isso é muito importante para mim.
– Me parece que temos um sortudo então!
– Ai… parece mesmo!
Hoje é praticamente uma norma ter várias experiências sexuais. Seja apenas uma ficada, seja o sexo propriamente dito, a norma é clara: experimente muito, “aproveite”. Mas, qual a real importância de tanta experiência assim para a formação da pessoa?
Inicialmente quantidade, por si só, não quer dizer muita coisa. Afinal de contas, sabemos que o ser humano tem uma tendência à repetição e, assim, é possível ter várias experiências “iguais”. Em algum ponto é importante que a quantidade se una à qualidade. Esta união reflete que a pessoa deixa se se guiar pela aleatoriedade e começa a refletir e a escolher de forma consciente.
Esta escolha consciente começa a se estabelecer quando a pessoa deixa de olhar apenas para fora e começa a olhar para dentro. Ter várias experiências não se trata apenas de conhecer várias pessoas, mas de se conhecer com diferentes pessoas. Prestar atenção nas reações que tenho quando estou com uma e com outra pessoa faz com que eu possa diferenciar estados afetivos enquanto me relaciono. Muitas pessoas tem problemas em fazer estas distinções e, com isso, terminam fazendo escolhas ruins.
Por exemplo, o estado de “instigado” é muito diferente do estado de “conexão”, porém para uma pessoa despreparada esses dois estados podem ser muito similares. Porque? Em ambos a pessoa sente-se atraída pela outra, ambos despertam interesse, o comportamento de pensar na pessoa é sentido em ambos, qual é, então a diferença? Sentir-se instigado difere de sentir-se conectado pelo fato de que no segundo a atração pelo outro, o interesse e o ato de pensar na pessoa se refletem na sensação de construção de um elo entre ambos. Este elo não existe ao perceber-se instigado. É possível sentir-se instigado sem sentir-se conectado à pessoa.
Esta sutil diferença é o que a experiência pode trazer. Porém, vale ressaltar: a experiência focada em você mesmo. Perceber-se com uma pessoa e com outra pode fazer você sentir estas diferenças. Por outro lado, a experiência com o outro pode enriquecer o nosso modelo de mundo também.
Assim, aprendo comigo e com os outros. Aprender significa, neste contexto perceber maneiras, comportamentos, linhas de pensamento de várias pessoas. Aqui, tratamos de conhecer outros seres humanos, buscando realmente compreender como funcionam, no interessando por suas maneiras particulares de agir no mundo (e com nós). Conhecer as pessoas desta maneira se torna uma reflexão importante para nos mostrar o tipo de pessoas e de comportamento com o qual nos adaptamos melhor.
Por fim, mas não menos importante, a questão da sexualidade – desde o toque, o beijo, até o sexo – é importante também. É importante saber como sinto prazer, como gosto de dar e receber prazer. Este tipo de sensação é tão importante que algumas pessoas precisam deste teste para continuar uma relação. A sensação tátil despertada na relação tem relações profundas e não-verbais com nossas sensações de carinho, acolhimento e até mesmo de confiança. O toque não é apenas um toque, ele é a atitude mais próxima que alguém pode ter conosco, por esta razão é de suma importância.
Concluo dizendo que sim a variedade é importante desde que ela cause reflexão. A variedade apenas pela variedade tem gerado pessoas vazias de conteúdo emocional que apenas mostram números e fazem descrições dos comportamentos de terceiros. Este tipo de atitude imatura reflete a conduta de nossa sociedade que tende a tratar as pessoas como produtos à serem experimentados e descartados, sem nenhum crescimento para o consumidor.
Espero que o leitor tenha boas experiências.
Abraço