– Não aguento mais!
– O que?
– Viver nessa rotina sabe? Todo dia coisa chata!
– Difícil né? O que falta no sua dia a dia?
– Não sei direito… não tenho tido muita emoção sabe?
– Sim, o que você faz para trazer emoção para o seu dia a dia?
– Não sei… tem algo para fazer?
– Bem, se você quer isso, tem que ser responsável por isso não é?
– Hum…
Todo reclamam e até mesmo temem a rotina. Tida como um grande problema a rotina é mal interpretada pela população e virou sinônimo de uma vida chata e sem cor. Será que viver na rotina realmente é apenas isso?
A rotina tem a ver com os hábitos que seguimos. Esses podem ser desde comportamentos observáveis como acordar as 6:00, ir à academia, tomar café, banho e ir ao trabalho como atitudes mentais sobre as coisas que a pessoa se diz no seu dia a dia “o droga, mais um dia… tomara que chegue logo sexta” ou “hum… que delícia a brisa da manhã hoje”.
Os hábitos mentais são indutores de estados emocionais, como isso funciona? A percepção humana é um processo ativo, ou seja, buscamos e valorizamos no ambiente alguns tipos de informação em detrimento de outros. Trocando em miúdos: duas pessoas olham um quadro ou escutam um música, enquanto uma gosta e presta mais atenção à mistura das cores e ao ritmo da música o outro se apega mais ao desenho em si e à alguma parte da letra.
Quando criamos nossas “rotinas mentais” nossa atenção irá se voltar ao tipo de elemento no qual pensamos mais. O foco na sexta, por exemplo, cria nas pessoas uma relação de ódio com os dias da semana que não são sexta. Não interessa se o dia está sendo bom, ainda terei uma longa semana pela frente, porque é só segunda. Predeterminamos sensações em relação ao que vivemos e passamos a nos sentir de acordo.
Portanto a maneira de encarar o que fazemos no dia a dia se torna um fator muito importante para determinar o quanto a pessoa gostará ou não daquilo que vive. Você, por exemplo é o tipo de pessoa que sabe valorizar o que tem ou está sempre focado naquilo que ainda não está lá? Este segundo tipo embora possa ser uma pessoa mais motivada pode, também, ser mais depressiva e não apreciar a sua rotina, estando sempre ansioso pelos próximos resultados.
De outro lado, quando sabemos apreciar pequenos detalhes (e a vida nos oferece muito mais deles) a rotina pode se tornar mais prazerosa. Ao acordar de manhã, por exemplo, ao invés de se dizer “hoje não é sexta”, por que não pensar em todos os momentos bons que você ter no seu dia de hoje? Como olhar o seu mundo de uma maneira a atrair a sua atenção de forma positiva ao invés de sempre relegar-se ao desprezo do cotidiano?
Isso não é criar uma lente cor de rosa e dizer que tudo está bem no mundo, mas onde há tristeza também há alegria e nós precisamos poder prestar atenção nos dois para conseguir viver. Viver mergulhado na tristeza não ajuda a responder à ela.
Existem, também, elementos que são preferenciais para algumas pessoas em detrimentos de outros. Por exemplo, existem pessoas que gostam de viver rotinas mais estruturadas, com horários marcados e atividades pré fixadas, outras gostam de uma agenda mais imprevisível que lhe ofereça desafios constantes. Uns preferem atividades com pessoas, outros não. Isso não significa que esses elementos são obrigatórios para a pessoa sentir-se bem, mas que eles contribuem.
Unir estes elementos aos hábitos mentais é um bom caminho para você criar uma rotina que lhe seja interessante. O problema com a rotina não é o de fazer todos os dias a mesma coisa, mas sim se o que você está fazendo alimenta ou não a sua alma.
Abraço