– Mas Akim, pra mim é muito difícil.
– Eu sei, por isso estou querendo ajudar você com este exercício.
– Ok.
– Quero que preste atenção na sua respiração e faça um movimento com a cabeça quando não conseguir mais.
– Ok.
– Muito bem, no que você começou a prestar atenção além da respiração?
– Na verdade eu fiquei pensando que era idiota eu estar fazendo isso.
– Perfeito e como deu valor para esse pensamento à ponto de perder a concentração?
– Não sei… fiquei prestando atenção na sensação de idiota.
– Perfeito, quando você sentir esta sensação novamente, quero que se concentre mais ainda na sua respiração e me diga o que ocorre.
– Ok.
– E então?
– Agora foi melhor, eu consegui me concentrar mais.
– Perfeito.
Ter foco e saber se concentrar é fundamental nestes dias de excesso de informação e desktops com multitarefa. O que muitas pessoas não sabem é que seus hábitos vão contra o desenvolvimento desta habilidade. Você sabe como se concentrar?
Algo que não se diz muito sobre concentração é que ela é parte de um estado afetivo. Em outras palavras: existe um sentimento relacionado à concentração e ao foco. Muitas pessoas são como o meu cliente acima, sentem-se ansiosas e preocupadas quando param para se concentrar em alguma coisa. Elas não conseguem manter sua concentração porque desejam ver-se livres dela.
Assim, um dos passo que procuro desenvolver é associar um estado positivo ao estado de concentração. É fácil compreender que se tivermos uma sensação positiva em relação à alguma coisa a tendência é que desejemos fazer mais daquilo. Em geral, as pessoas assumem que concentrar-se é difícil, duro e exige demais. Este pensamento faz com que elas sintam-se fadigadas mesmo antes de começarem a se concentrar. E, como meu cliente disse, parece que você é um idiota e realmente é se você achar que está fazendo algo que é ruim para você.
Porém a verdade é que pessoas que entram e mantém m estado de concentração relatam leveza e uma sensação profunda de bem-estar ao estar concentrado. Manter o foco é prazeroso ao contrário do que se pensa e a prática mostra que o desprazeroso e difícil é quando perdemos o foco. A questão é que fazer a concentração é algo que lhe ajuda a realizar algo que é importante para você de alguma maneira. Assim, este é o primeiro ponto que precisamos rever quando se trata de atenção, foco e concentração: para que estou fazendo isso?
Ter o fim bem definido, a sensação de como será ao terminar o seu trabalho é fundamental para manter estados de atenção por longos períodos. Se você acha que qualquer coisa é mais importante do que o que você deseja realizar, então a sua concentração terá uma motivação muito fraca. Por outro lado se o que você deseja é realmente importante para você, trocar uma olhada no facebook por momentos à mais com o seu trabalho será prazeroso e recompensador. Me lembro de uma pessoa que me disse que havia trocado uma viagem com amigos por um final de semana de estudos e que havia feito a melhor troca de sua vida.
A questão não é a coisa em si, mas sim o que ela representa para você. Pessoas com baixa concentração, em geral, não conseguem dar este valor às coisas. Tratam tudo como se tivesse o mesmo valor. Se tudo tem o mesmo valor, para que gastar energia em concentração se posso ouvir uma música ou ver um seriado? A questão é que no médio e longo prazo a pessoa também percebe que não criou nada de valor para si e então começam as crises existenciais.
Assim um bom primeiro passo é focar nos seus objetivos de maneira que eles tenham um alto valor para você. Alto valor significa que você troca qualquer coisa pelas suas metas. Quando digo “qualquer coisa”, obviamente, estou dizendo que entre ouvir um som, ou dependendo da situação, sair com amigos, você escolhe a sua meta. Quanto maior for a força e o valor atribuídos ao seu objetivo, mais seu cérebro desejará realmente concretizá-lo e esse é o impulso de que sua atenção precisa: saber que ela pode tirar outros fatores da sua frente e colocar apenas um e que esse movimento é algo bom e importante para o organismo.
Abraço