• 10 de fevereiro de 2016

    Adequação da emoção

    – Então, eu tenho tentado fazer academia, mas não tem dado certo.

    – Porque não?

    – Eu não me sinto bem por lá.

    – O que, especificamente, você sente?

    – Eu fico meio agitada…

    – Certo, como gostaria de se sentir?

    – Eu gostaria de sentir tranquilidade sabe?

    – Como se estivesse numa praia após o almoço observando o mar?

    – Sim, tipo isso.

    – E isso é o tipo de estado emocional adequado para ir malhar?

    – Hum… é… pensando bem… não.

     

    Existem emoções que são sempre boas? Existem emoções que são sempre ruins? Emoções são fenômenos relacionais, dizer que uma emoção é boa ou ruim é muito mais complexo do que se imagina, por essa razão é que precisamos saber como “adequar” uma emoção, você sabe?

    Em primeiro lugar, “boa ou ruim” implica numa noção que particularmente não gosto de empregar. Prefiro utilizar o termo adequação, nesse sentido uma emoção pode ser mais ou menos adequada, mas nunca chegará a ser, por exemplo, “errada”.

    A emoção desperta atitudes tanto físicas como comportamentos como mentais como pensamentos. A emoção de raiva organiza nosso corpo para agir lutando ou fugindo enquanto que nosso pensamento se vê refletindo sobre as rotas de fuga e sobre como causar dano.

    Assim a emoção não é apenas aquilo que ocorre dentro da pessoa, mas também aquilo que ela faz de maneira “espontânea” uma vez que está sentindo determinada emoção. Cada situação que vivemos pode nos fazer sentir uma ou outra emoção e também podemos evocar de maneira voluntária determinadas emoções para determinadas situações.

    Embora pareça algo estranho, evocar emoções é algo muito mais comum que se imagina, você, com certeza faz isso praticamente todos os dias. Quando pensamos em determinadas situações é comum sentirmos algo daquela situação, quando criamos fantasias também assim como quando ouvimos música.

    “Adequar” uma emoção, então, significa (1) saber criar um acesso à ela, (2) conhecer a sua reação espontânea frente à emoção e (3) relacionar esta emoção e reação ao contexto no qual deseja usá-la. Ainda é importante salientar que dependendo do objetivo que tenho a adequação pode ser completamente distinta.

    Por exemplo, digamos que tenho um encontro. Estar motivado e alegre seriam emoções adequadas não seriam? Motivação para conhecer a pessoa, curiosidade, alegria para estar com um sorriso e ser flexível à qualquer problema que possa ocorrer. Mas e se eu não quiser que o encontro dê certo?

    Muita pessoas acham que deveriam sentir-se tranquilas o tempo todo. Mas nem sempre a emoção de tranquilidade é adequada. Insegurança, por exemplo, é uma emoção muito útil em momentos de crise poque em geral ajuda as pessoas a pensarem sobre o futuro o que é algo necessário e útil ao invés de sentar-se tranquilamente esperando a conta para a qual você não tem recursos para pagar chegar.

    Nesse sentido qualquer emoção pode ser útil dependendo de um contexto e de uma meta que tenhamos. As emoções não são o problema, são a solução desde que aprendamos com elas e com as reações que temos à elas.

    Abraço

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