A auto estima é um tema muito importante hoje em dia. Porém, nem sempre temos uma definição muito clara do que ela é. Neste post relatei alguns dos principais enganos sobre o que ela não é, confira
1. Não confunda auto estima com beleza
Principalmente no Brasil quando se fala em auto estima a beleza logo vem à tona. Nosso país tem um tabu muito forte em relação ao poder da beleza estética. Este tabu é tão forte que usamos a palavra “feio” quando nos referimos à uma conduta errada para as crianças ao invés de falar “errado”. O “feio” assusta o brasileiro.
Assim sendo, as pessoas buscam melhorar a imagem para melhorar a auto estima. O raciocínio é quase adequado. A auto estima tem, de fato, relação com a auto imagem, esta, porém, não é um reflexo estético e sim moral e emocional. Uma boa auto imagem, por exemplo, não é uma imagem na qual a pessoa se vê “poderosa” ou “bela”, mas sim uma que seja realista. A qualidade da auto estima não tem a ver com jogo de poder ou beleza e sim com a percepção mais crua possível da realidade e, sobre ela, a capacidade de atribuir um valor.
O que mais vejo em consultório são pessoas “belas” e com um bom desempenho no mundo do trabalho que se sentem enganadoras. “Como ninguém percebe que sou uma farsa?”, argumentam, com medo da resposta. Porque? Pois a auto imagem que tem delas valida apenas as percepções relativas à erros, condutas inadequadas e à negação de sua individualidade e isso faz com que elas percebam, cognitivamente, seus “prós”, mas não consigam validá-los como algo delas.
2. Não confunda elogio com auto estima
Outro erro comum é procurar elogios como uma “fonte de auto estima”. Meus clientes me criticam: “ah Akim, mas todo mundo gosta de um elogio, faz bem para o ego”. Para o ego sim, para a auto estima não. É um raciocínio simples: “auto” estima e não “externo” estima é o nome da característica. Assim, embora eu concorde que receber elogios é algo prazeroso e que nos faz bem, não posso concordar com o fato de que isso aumente ou diminua a sua auto estima.
Na melhor das hipóteses com o elogio a pessoa pode abrir os olhos para uma qualidade ou virtude que nunca havia percebido. Com isso, se ela “entende de auto estima” irá tornar pessoal a percepção do outro e passará a validá-la como algo dela. Ou seja: você me aponta algo em mim que eu não havia percebido, porém agora consigo ver. Esta percepção, agora, não é mais sua, é minha e passo a validar isso em mim.
O que ocorre comumente é que pessoas que não tem boa auto estima não conseguem receber elogios (ou são desesperadas por eles). Ao ser elogiada ela nega ou me diz com uma cara de espanto: “Não sei onde eles veem isso em mim Akim”. Receber um elogio e perceber de maneira pessoal uma característica são coisas muito diferentes.
3. Não confunda alegria com auto estima alta (e tristeza com baixa)
Neste ponto gosto muito de intervir. A auto estima não é uma sensação “uhull”, ela é mais para uma paz interior do que para uma sensação de alegria. Assim sendo a pessoa com boa auto estima sente raiva, alegria, tristeza, medo e mantém a sua auto estima.
Nossa cultura nos informa que pessoas alegres tem boa auto estima. Uma informação nada tem a ver com a outra de maneira direta. Um elemento é o que sinto, outro como me percebo e como julgo aquilo que percebo de mim, a auto estima nasce do segundo. Alegrar-se, festar e divertir-se são coisas muito prazerosas, sentir empolgação e motivação também, e elas estão no nível das emoções e não da auto estima.
As emoções não são o ponteiro que mede a auto estima. Elas são referenciais interessantes no que tange ao tipo de emoção que a pessoa sente quando o assunto é ela mesma. Sentimentos como vergonha, culpa, raiva e medo de si próprio podem indicar uma auto estima baixa. Porém, neste caso, estamos dando um elemento específico em relação à emoção, ou seja: ao pensar, falar em você que emoção lhe vem? É totalmente diferente de: você se sente bem quando viaja?
A auto estima, então, não deve ser confundida com estes elementos. Ela é, antes, um valor moral que você faz de si que lhe permite sentir-se bem com você mesmo. Ela não vem de fontes externas e sim da sua própria percepção, assim, pare fechar, deixo a pergunta: como você se vê?
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