– E então meu caro… eu fiquei preocupado com não ter feito aquelas coisas. Eram importantes para mim sabe?
– Sei sim, mas me conte, o que será que aconteceu para você não fazê-las?
– Eu não sei… quando vi estava lá e não fiz nada que eu queria.
– Lembre do momento em que você desistiu ou no qual você ficou “empacado” entre uma coisa e outra.
– Ok.
– O que você pensou? O que você se disse nesse momento?
– Não sei ao certo, mas pensei que minha família não iria aprovar o que eu queria fazer por um lado e que eu tinha responsabilidades por outro.
– E daí fazer algo que você “simplesmente” queria não batia com a pressão de se sair bem com a família ou com as suas outras responsabilidades?
– Sim.
– Perfeito. Podemos dizer, então, que a sua família e as suas responsabilidades entraram em conflito com o seu desejo é isso?
– É, pode-se dizer assim.
– Ok, olhe que bacana: você está em um momento no qual se responsabilizar por você é importante e, ao mesmo tempo, terá que reavaliar, ou melhor, re-valorizar alguns outros pontos da sua vida: família e responsabilidades.
– Como assim?
– Simples: se fossemos imaginar uma hierarquia me parece que “família” e “responsabilidades” estariam em cima de “pessoal” não é mesmo?
– (Risos) Ah tá, entendi, é bem assim mesmo! Eu estou em último lugar nesse sentido.
– Ótimo, o que temos que trabalhar agora é em uma re-hierarquização dos seus critérios entende? Para que o lado “pessoal” possa ser expresso sem culpa, com convicção.
– Entendi!
Criamos nossa vida dando prioridades à alguns temas: família, empresa, amor, profissão. Ao longo dos anos é natural que alguns destes temas sofram alterações em suas importâncias. Isso pode ocorrer por situações que a pessoa passou – algumas pessoas, depois de um ataque cardíaco que quase os mata colocam a família e os relacionamentos num patamar mais alto que o trabalho – por mudanças naturais do ciclo da vida – um casal que coloca a critério “filho” em primeiro lugar logo após o nascimento da criança – ou por mudanças nos objetivos pessoais – num processo de terapia, por exemplo, a pessoa descobre o prazer em ser mais solta e deseja mudar a forma de trabalhar dando mais valor ao critério “satisfação pessoal” do que ao critério “dinheiro” ou “status”.
Quando estas situações ocorrem é necessário colocar os critérios novamente na balança e negociar consigo próprio o que se quer com cada um deles, mudando muitas vezes a forma de pensar e de se comportar de maneira que – ao final da negociação – todos os critérios sejam satisfeitos dentro da uma perspectiva nova de vida que a pessoa criou para si.
Existem várias formas de realizar este processo e cabe ao terapeuta ajudar a pessoa a chegar ao consenso entre suas várias “partes” ou em relação aos seus vários critérios de forma que ela faça mudanças de forma pró-ativa e responsável, “sabendo o que está fazendo”.
Abraço
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