– Mas eu estou me sentindo muito mal.
– O que te faz sentir-se assim?
– É que ele aceitou o término sabe?
– Sim, visto que você queria terminar, qual o problema? Sei que é triste, mas não me parece que é isso que te incomoda.
– Ah… sim… sei lá…
– Ou você estava “terminando” para dar uma lição nele?
– Acho que é mais isso Akim…
– Pois é…
Muitas vezes disfarçamos – ou, pelo menos, tentamos – nossos comportamentos na intenção de não causar um desconforto ou de, realmente, ocultar a natureza daquilo que queremos. Porém, quase sempre estas ações acabam gerando o oposto daquilo que pretendem.
O ser humano nem sempre gosta de deixar suas intenções claras. Entende que, com isso, poderá testar as verdadeiras intenções da pessoa, sem perceber que uma intenção só pode ser avaliada quando está dentro de um contexto adequado para ser avaliada.
O exemplo acima é muito comum, uma pessoa “termina” com a outra, não desejando, de fato, terminar, mas, sim, querendo “ver o que o outro vai fazer” ou punindo o outro. Este tipo de atitude é inadequada e geralmente leva à frustração e ao fracasso da empreitada. Porque?
Para que sua intenção seja levada à cabo é necessário que você tenha uma conduta adequada para o fim que se propõe. Geralmente as pessoas escolhem um curso de ação que não as leva para onde querem e, sim, para um outro lugar. Em outras palavras: se quero punir alguém, por exemplo, preciso saber como fazer isso. A ideia de que um “término” é uma boa punição só serve se você, de fato terminar com a pessoa e ficar bem com isso, se isso não acontecer, sua vingança se voltará contra você.
Um outro evento que ocorre é quando as pessoas querem “conversar”. Na minha experiência de consultório, vejo que muitas vezes quando uma pessoa quer “conversar”, ela quer, na verdade, impôr uma vontade ou dizer que não quer – ou que quer – que algo aconteça. No entanto, ao invés de dizer, de maneira clara, tenta “conversar” (inclusive essas conversas, quando acontecem na sessão são horríveis de “feia”, porque, de “conversa” não tem nada, são, na verdade sessões de tortura psicológica afim de obter um convencimento).
O problema é que as pessoas julgam o resultado de suas ações baseadas sempre na primeira intenção, ou seja, aquela que ficou escondida. Se quero impôr algo à alguém e disfarço isso de conversa, minha frustração será enorme quando, a pessoa conversar comigo e continuar querendo a mesma coisa. Diz-se aí: “você não sabe conversar”, “com você não dá para falar mesmo”.
Não disfarce suas intenções. Saber como fazer é diferente de fazer uma ação que não vai levar você aonde você quer e, sim, mais longe daquilo que deseja.
Abraço
- Tags:Akim Rohula Neto, Amor próprio, Compromisso, Disfarçar emoções, Emoções, Mudança, Papel na relação, Psicoterapia, Relacionamentos, Saúde mental