• 20 de junho de 2016

    Prazer e bem-estar

    – Mas sabe Akim, eu queria fazer aquilo.

    – Sem problemas, a questão é sempre o aprendizado. O que você aprendeu com o que fez?

    – Bom… não foi tão bom quanto eu imaginei.

    – Sim, o que não foi bom?

    – Eu continuo cansado sabe?

    – Sim, veja, festar é algo prazeroso, mas não, necessariamente, algo que te reenergiza.

    – Mas é bom e eu queria!

    – Claro, e não tem problema nenhum isso. O ponto é: não te reenergizou como você esperava.

    – E o que eu faço?

    – Aprende a identificar o que te reenergiza. Não há nada errado com a festa, pelo contrário, a questão é se ela te traz o que você quer.

    – É difícil dizer que não trouxe.

    – É não é? É difícil dizer que, embora você quisesse e fosse bom, não era o que você precisava.

    – Sim.

     

    Vivemos na era do “eu quero”, porém, este “eu” que quer está atendendo à que demanda? Do seu próprio corpo? Dos comerciais que vê nas mídias? Aos amigos que querem algo? Compreender isso é fundamental para aprender a dizer com propriedade “eu quero”.

    Existe uma ligação entre o querer e o que motiva o querer. Nem sempre esta ligação beneficia o corpo e a pessoa que deseja. Parece estranho? Não é, o fato é que as motivações que temos nem sempre são conscientes, nem sempre se referem ao que realmente precisamos e queremos e nem sempre estão em alinhamento com aquilo que nos faz bem, de fato.

    Desenvolver este alinhamento é uma tarefa muito complicada hoje em dia. Com milhares de especialistas e dicas nas redes dizendo à você o que fazer para ser feliz é muito fácil achar que seguir as dicas lhe trará satisfação, mas nem sempre é assim. A questão é que a dica pode funcionar de fato, mas pode não ser o que você precisa, pode ser que ela funcione para uma parcela da população e não para você.

    Um exemplo típico do Brasil é de se divertir. Para o brasileiro médio diversão é igual e festa, movimento, interação social e bebida. Isso funciona muito bem para uma pessoa extrovertida se divertir, mas, e se você é introvertido? E se o seu conceito de diversão passa por uma atividade que a maioria consideraria monótona, mas você considera divertida? Este conceito, é interessante, inclusive quando as pessoas dizem que querem “descansar”, bem, se o que você precisa é se recuperar um corpo cansado, festar até tarde e se embriagar não são as atividades que você precisa.

    Nada contra festas, particularmente, adoro elas, mas o que quero desenvolver neste artigo é a necessidade, cada vez maior, das pessoas aprenderem a desenvolver um “ponto de equilíbrio” e saber como chegar até este ponto. Escolher atividades e a maneira pela qual viver as atividades é fundamental se você quer ter uma saúde mental bem desenvolvida e se quer aprender a escolher com clareza. Voltando ao exemplo da festa, pode ser que sair seja o que você precisa, mas, talvez, sem beber, para não acordar com ressaca, a atividade da dança pode descontrair e recuperar o corpo pela liberação de hormônios, com água e uma boa noite de sono após isso você pode sim, se recuperar bem.

    Mas para isso, precisa aprender a conhecer o seu corpo e os ritmos do seu corpo além dos da sua mente e emoções. Desenvolver a conexão significa, em primeiro lugar, estar atento ao seu corpo, mente e emoções e aprender a dar nome para as sensações que você tem. Associar estas sensações com estímulos que as desencadeiam, sejam eles externos ou internos, é o segundo passo. Finalmente, aprender que tipo de resposta dar para as sensações e modificações no seu organismo para atingir um determinado resultado e aprender a gravar estas informações na sua memória.

    Tive um cliente que gostava de limpar a casa quando se sentia desorganizado por dentro ou caminhar. Estas duas atividades o ajudavam a organizar o seu mundo interno e mudavam o estado de humor dele. Quando isso não adiantava, em geral, ele buscava parar e respirar um pouco e se isso não ajudava ele começava a escrever aquilo que estava pensando.

    Estas três respostas mostram que ele aprendeu muito sobre seus estados, com o tempo, ele já sabia combinar essas respostas mediante o tipo de sensação que ele tinha. Esta descriminação leva um certo tempo, mas ela traz enormes benefícios. O maior deles é saber que ele escolhia suas atividades mediante a sua própria percepção, ou seja, como já dizia Hipócrates, ele tornara-se “médico de si”.

     

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