– E daí eu fico sentindo essa coisa ruim no peito sabe?
– Sim
– O que eu faço com isso?
– O que você tenta fazer ou quer que aconteça?
– Eu quero me livrar disso logo! É ruim!
– Entendo
O que fazer “em caso de emoção”? Essa é uma pergunta recorrente e a maior parte das pessoas deseja que a emoção se vá, de preferência logo, mas será que essa é a melhor maneira de lidar com emoções?
1. Aceite sua emoção
Talvez a parte mais difícil em lidar com as emoções seja o fato de aceitar a emoção que você está sentindo. Muitas vezes conseguimos nomear aquilo que ocorre dentro de nós: raiva, medo ou alegria. Em outros casos não conseguimos dizer com precisão aquilo que sentimos ou ficamos em dúvida porque parece que estamos sentindo duas ou três emoções ao mesmo tempo.
Não julgar aquilo que você sente é fundamental no primeiro momento. Muitas vezes “parece” que estamos sentindo mais de uma emoção porque estamos de fato sentindo mais de uma emoção. Raiva e medo; tristeza e alegria são combinação muito comuns. O ponto fundamental é não busque avaliar como certo ou errado aquilo que você está sentindo, apenas aceite. Aceitar significa dar o valor de existência aquilo que há, em outras palavras: descreva para você o que está acontecendo e aceite isso que você está percebendo.
Um terceiro ponto é quando não conseguimos nomear as emoções. Nesse caso, não se desespere, apenas fiquei atento ao que está acontecendo. Descreva as sensações, o que dá vontade de fazer com elas, perceba onde ela se manifesta no seu corpo. Em várias situações não é necessário dar um nome à emoção sentida, apenas aprender a perceber a sensação.
2. Busque a função da emoção
Toda emoção tem uma função. Emoções não nascem por acaso, elas são despertas por algum estímulo, seja ele externo ou interno que de alguma maneira desestabiliza nossa homeostase. Por este motivo a emoção aparece como uma maneira de reagir à este estímulo, preparando o organismo para a ação.
Outra maneira para entender o mesmo ponto é que as emoções precisam de uma determinada resposta para serem “resolvidas”. Esta resposta, no entanto, precisa ser compreendida pela pessoa afim de ser dar uma boa resposta. Por este motivo é que é importante compreender a função da emoção, depois de aceitá-la.
Quando sabemos nomear a emoção, a tarefa fica mais simples. Sentir medo, por exemplo, traz à tona a função da proteção. Assim a pergunta é: preciso me proteger? Do que e como posso fazer isso da melhor forma para mim nesse contexto? Essas perguntas ajudam a organizar a mente para agir.
Porém, quando não sabemos dar nome à emoção ou quando sentimos muitas, o que fazer? Quando sentimos várias emoções ao mesmo tempo, em geral, temos uma que é mais marcante que as outras, trata-se da emoção que deve ser ouvida em primeiro lugar. Algumas vezes, no entanto, as emoções podem gerar um estado de dúvida, momento em que vale a pena dar um passo para trás e se questionar qual emoção é realmente mais adequada à situação.
No caso de não conseguirmos dar um nome, a busca pela função deve vir através das sensações. É necessário, nesse contexto, ser sensível o suficiente para perceber o que seu corpo está com vontade de fazer. A pergunta, então é se essa vontade realmente o ajudará na atual situação. Muitas vezes não precisamos dar nome ao que sentimos, mas sim aprender a lidar com os movimentos que as emoções criam em nós.
3. Faça algo
A questão de “fazer algo” é, muitas vezes, mal entendida. A ação no caso das emoções é entendida desde uma ação no mundo, como dizer algo para alguém até uma ação interna, ou seja, realizar um pensamento ou respiração mais profunda.
Assim sendo, o ato de fazer requer um raciocínio que envolve a emoção sentida, o contexto e os objetivos da pessoa (além de levar em consideração a emoção em si). Em geral as pessoas resumem a expressão emocional em: reprimir ou soltar. “Reprimir ou soltar” é um raciocínio que pensa nas emoções de forma hidráulica, focando no aumento ou diminuição de tensão interna. Hoje em dia sabemos que o aumento ou diminuição da tensão, por si, não representa problema ou solução. A questão é mais profunda.
Assim para compreender a ação mais adequada é importante compreender o que a emoção está pedindo, se este pedido está adequado no ambiente e com os objetivos da pessoa. Com essas informações em mente podemos entender qual comportamento será mais adequado.
Para exemplificar, podemos imaginar uma pessoa que está em um encontro, conhecendo alguém pela primeira vez e, de repente, sente uma vontade incontrolável de sair, ir embora. Ora, pensar em sair de um primeiro encontro rapidamente sem explicações pode ser rude e até mesmo contra o que a pessoa deseja (conhecer melhor a pessoa). Assim, ao invés de fugir, pede licença e vai até o banheiro onde respira profundamente e reconhece que o desejo de ir embora é medo. Ao fazer isso, consegue entender que o medo lhe vem porque, na verdade, está gostando do encontro e sente medo de “avançar” rápido demais. Assim sendo, entende que a melhor ação é continuar no encontro, mas estabelecer de maneira muito clara para si, que saindo dali vai para casa, respeitando seu medo de avançar rápido demais.
4. Prepare-se para o trabalho
Pareceu difícil fazer tudo isso? Muitas vezes é principalmente porque nossa tendência é simplesmente negligenciar nossas emoções e deixar todo este raciocínio de lado preferindo reprimir impulsos ou segui-los de maneira irresponsável. Se você deseja, realmente, aprender a lidar com suas emoções saiba que é a melhor escolha que você poderá fazer, ao mesmo tempo tenha em mente que isso lhe dará trabalho.
Abraço
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