– E ela vem e começa a reclamar sabe? Nem chega em casa e já põe defeito nas coisas.
– E você?
– Eu sei lá, nem sei mais o que fazer. Na verdade fico meio com medo dela.
– Entendo. E quando você fica com medo, como reage?
– (pensa) Hum… eu acho que eu faço assim: tipo, tento agradar ela para ver se não vai ter briga sabe como?
– Perfeitamente, o problema, me parece é que você não vai conseguir agradar ela.
– É… tipo, eu me lembro muito de uma vez que ela disse: compra lá para mim o CD novo de uma banda que ela curte lá. Daí eu fui e comprei, você acredita que ela reclamou de eu ter comprado para ela o CD que ela própria pediu para eu comprar?
– Acredito sim. Agora assim, meu caro: já entendeu que agradar não vai funcionar?
– Já.
– Então tens que adquirir outros comportamento não acha?
– É… mas qual?
– Vamos ver assim ó: com o que você tem que lidar para ter um comportamento novo?
– Com ela?
– Não é algo em você
– Com o medo que eu sinto dela?
– Perfeito! Veja bem, a sua reação ao seu medo é buscar agradar. Você se faz menor que ela e pede “pelo amor de Deus não briga comigo: ó como sou bonitinho”.
– (risos) É mais ou menos isso mesmo…
– Então… isso não deu o resultado que você quer, o que daria?
– (Pensa) Eu não sei ao certo… tem que ser algo diferente disso… eu meio que cedo para ela não é?
– Sim
– Então acho que tenho que parar de ceder!
– Boa, como fazer isso?
– Hum… posso mandar ela à merda quando ela fizer essas coisas!
– Pode, é um recurso, não creio que ele vá melhorar a situação como um todo, mas deixe como um último recurso, de que outra forma você pode para de ceder?
– Eu me lembrei de uma vez que eu simplesmente olhei para ela e disse: “tá, e o que você quer que eu faça?” E ela ficou me olhando meio assustada e não falou nada, depois de uns 15 minutos ela veio e me pediu desculpas por estar sendo chata!
– Ótimo, do que você foi atrás quando fez essa pergunta?
– Ah eu não sei direito… mas foi como se eu dissesse para ela: “porra, se faz de um jeito é ruim, se faz do outro também… que merda hein?”
– Exato! Trocando em miúdos você solicitou os critérios que ela usaria para saber se aquilo era bom ou ruim, como ela não tinha caiu toda aquela encenação por terra.
– Cara… vou usar isso todo dia agora!
– (Risos) Isso, e me conte como foi depois!
Muitas vezes as pessoas fazem críticas com fundamentos, com argumentos que são adequados ou inadequados, porém existentes. Outras pessoas estão sempre criticando e não tem critério, fazem a crítica pela crítica e nunca param de realizá-la. Tentar agradar uma pessoa com este comportamento é pedir para viver no fracasso, com medo e baixa auto-estima. Pelo fato de que não importa o que seja feito, será criticado. A grande saída numa situação como essa é fazer como o cliente fez: buscar os critérios do que seria adequado.
Aqui dividem-se em basicamente dois tipos de pessoas: aquela que não tem critério nenhum e as que tem, porém tem dificuldades em expressá-los. Se for o segundo caso você irá perceber que a pessoa tem algo à dizer, porém não sabe exatamente como. Geralmente a pessoa com dificuldade sente-se ouvida e acolhida quando lhe perguntam: tá e como você quer, especificamente? Se for o primeiro caso, geralmente ocorre como aconteceu com o meu cliente acima: a pessoa se afasta quieta e depois pede desculpas. Geralmente, não quer dizer sempre e existem pessoas que irão reagir de forma explosiva, indicando que você tocou num ponto sensível para ela que ela não sabe como lidar. Não é sua responsabilidade, é dela, talvez você possa/queira oferecer-se para ajudá-la nisso, no entanto, dar o limite e deixar a pessoa buscar novas respostas é algo muito benéfico para a relação, neste sentido você pode oferecer ajuda dizendo para ela como se expressar: “meu bem, se você quer algo feito de uma forma específica me diga, se estiver ao meu alcance eu farei, mas não suporto mais essas críticas a toda hora, me faz sentir mal comigo mesmo e eu não aceito mais isso”.
Abraço
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