• 9 de abril de 2021

    3 dicas para você entender melhor a sua motivação (parte 3)

    – Estou meio frustrado.

    – Com o que?

    – Ah… não estou conseguindo atingir as minhas metas.

    – Entendi… e como você reage à frustração?

    – Ah, sei lá… eu to com vontade de largar tudo sabe? Deixar essa coisa toda de lado

    – O que motiva isso?

    – A frustração oras.

    – Mas então você não está se frustrando, está se decepcionando e desistindo.

    – Hum…

     

    A auto motivação tem um pouco de técnica e um pouco de arte. Conhecer alguns critérios que usamos para nos motivar pode ajudar a entender porque deixamos algumas coisas de lado e como voltar à ativa.

    Frustração x decepção

    Frustração e decepção são emoções próximas, porém possuem algumas diferenças fundamentais. Essas diferenças nos falam sobre como reagimos aos obstáculos que enfrentamos enquanto buscamos cumprir aquilo que queremos. Elas também revelam nossos desejos e disposição interna para nos manter no desafio e com os objetivos em mente. Saber usá-las da maneira adequada pode nos colocar nos trilhos novamente. O uso equivocado dessas emoções nos faz ter a sensação de que desistimos fácil demais de nossas metas ou que ficamos dando murro em ponta de faca.

    A frustração é uma emoção que surge quando não conseguimos atingir uma meta. A qualidade da frustração, no entanto, é manter a mente focada naquilo que não conseguimos atingir. As sensações de raiva e tristeza são comuns quando sentimos frustração. Muitas pessoas abrem mão da frustração quando sentem raiva ou tristeza por não saberem como lidar com elas.

    A sensação de raiva ocorre porque na frustração nos percebemos impedidos (por algum adversário, cenário ou nossa incompetência) de atingir aquilo que queremos. A raiva surge como forma de manter o foco naquilo que queremos. A tristeza vem pela perda daquilo que queremos. Se a pessoa sabe como lidar com a raiva e a tristeza consegue tornar essas emoções combustível para uma próxima investida. Se não, ela tenderá a cair na decepção ou fugir de suas metas.

    O fato a ser avaliado na frustração, inicialmente, é se o objetivo ainda é viável e desejado. Nesse caso é importante saber como usar a sensação de raiva e tristeza para gerar energia e continuar. Porém, se esse não é o caso, é mais interessante desfocar e se decepcionar. Muitas pessoas trocam os pés pelas mãos aqui ao desistirem de metas alcançáveis e necessárias para elas ao passo que outras insistem em metas que seria melhor desistir.

    A decepção é diferente. Em alguns casos sente-se tristeza, porém é comum o alívio também. Outras sensações comuns na decepção são a sensação de vazio e tranquilidade. A decepção pode ser uma emoção muito contraditória porque todas essas sensações podem surgir juntas. Essa ambiguidade ou a presença muito marcante de uma dessas sensações é o que torna essa emoção difícil para muitas pessoas.

    Decepcionar é compreender que algo não pode mais ser realizado. A decepção nos leva à desistência. Este sentimento é tido como errado por muitas pessoas. A cultura do “não desistia nunca” embora tenha um forte apelo motivacional, não é realista. Há vezes em que o melhor à fazer é desistir e investir suas energias em algo que seja realmente produtivo para você. Insistir em erros não é uma virtude.

    Sentir alívio junto com a tristeza é realizar, ao mesmo tempo, que se perdeu algo desejado e que essa perda está adequada. Novamente: a decepção é a percepção de que é melhor abandonar um projeto ou meta do que continuar investindo nele. Assim sendo a sensação de alívio surge porque tiramos das costas uma série de problemas. Ao mesmo tempo, a energia investida se torna livre o que dá a sensação de vazio. Não basta desistir, é necessário saber onde investir. A tranquilidade pode surgir em muitas pessoas ao perceberem que a decisão de abandonar seus projetos foi a melhor. Assim sendo, sentem-se tranquilas em relação ao que fizeram.

    A função da decepção é retirar nossa energia da meta em que estávamos investido ela. Essa emoção faz isso deixando muito evidente para nós os motivos que mostram que nossa meta é inadequada (seja porque é inalcançável, porque não temos os recursos suficientes e no momento será muito difícil conseguir ou porque é possível ter algo de mesmo nível investindo em outra meta). Assim sendo, pessoas que tem dificuldade em abrir mão ou perder o controle sobre algo sofrem muito com a decepção.

    Este sofrimento faz com que elas procurem frustrar-se ao invés de decepcionar-se. Com isso mantém-se motivadas de alguma forma. Esse é o raciocínio típico, por exemplo, de pessoas que se relacionam com abusadores ou dependentes químicos. É importante sentir a tristeza da perda de uma meta e sentir o alívio que nos conduz à percepção de que a desistência é o melhor a ser feito. Depois disso sentir a tranquilidade de uma boa escolha para abrir-se ao vazio e buscar algum novo investimento de sua energia.

    Abraço

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