– Eu não consigo respirar.
– Ok, onde está o problema?
– Aqui (aponta para a garganta)
– Certo. O que acontece aí?
– Está muito apertada.
– Ok, aperte um pouco mais, faça força com seu pescoço e aperte esta garganta.
– Dói…
– Isso… fale dessa dor…
– Eu… é como se eu… estivesse… sabe… ai…
– Isso, vai falando e entre em contato com essa dor.
– Eu… estou guardando muita coisa há muito tempo.
– Perfeito, o que, por exemplo?
– Começa a chorar.
– Isso, agora a garganta abriu. Respire, chore…
O ser humano é um ser de corpo. Ele é nossa unidade básica, o protoplasma de nossas emoções e pensamentos. No entanto, aspectos culturais nos afastam do contato com esse protoplasma. Realizar a reaproximação com essa essência é fundamental para o desenvolvimento do eu, mas, como fazer isso?
O primeiro de todos os passos é a respiração. Ela tem conexão direta com nossas emoções, sendo que para todos os estados emocionais temos um padrão respiratório. Uma das maneiras mais eficazes de mudar ou produzir um estado emocional é modificando o ritmo da respiração. Respiramos com o peito, diafragma e abdômen. Na parte da frente de nosso tronco, nas laterais e com as costas.
A respiração mais ampla envolve todas essas partes. A inspiração se inicia indo ao abdômen, diafragma, afastamento das costelas e costas e, finalmente, o peito. O processo de expiração faz uma sanfona que comprime os pulmões. Ela faz o peito baixar, costas, costelas e diafragma serem pressionados e o abdômen também. Esta é uma respiração “plena”. Além disso temos o ritmo da respiração desde o mais rápido ao mais lento.
Se você parar e respirar durante cinco minutos, conseguirá perceber o seu ritmo e o seu padrão. A maior parte de nós destoa da respiração plena e tende a se focar em partes. Por exemplo, a respiração ansiosa que é curta, com ritmo rápido e focada apenas na porção superior do peito. O diafragma é contraído e o abdômen nem sequer existe nessa respiração. Outras pessoas, mais deprimidas podem fazer uma respiração que toma todas as áreas, porém de forma muito sutil. É uma respiração fraca e curta, quase inexistente.
Outra percepção importante é sobre como você fica de pé. Somos os únicos animais que caminham eretos. Isso quer dizer muito sobre a nossa natureza. Assim sendo, o primeiro passo é verificar como seus pés ficam no chão. O peso de seu corpo está na parte da frente dos pés, nas laterais (para dentro ou para fora) ou na porção de trás? O peso influencia nosso equilíbrio e isso afeta nossa psique. Em geral quando nosso peso é focado para as laterais ou para trás tendemos a nos sentir mais desequilibrados e inseguros.
Outro ponto importante sobre como ficamos de pé é sobre como a cabeça fica erguida. Algumas pessoas conseguem usar a musculatura de todo o corpo afim de deixar a cabeça erguida. Outras criam tensões exageradas em ombros, por exemplo, afim de fazer isso. A cabeça orienta o corpo, lhe dá direção. Pessoas com tendências depressivas, em geral tem a cabeça virada para baixo. Pessoas explosivas tem a cabeça presa na coluna com fortes tensões na cervical.
A relação do quadril com as pernas e o tronco é fundamental. O quadril une o tronco e as pernas. Se o quadril é muito voltado para trás e frouxo, por exemplo, teremos um abdômen caído que irá esmagar o diafragma e fazer com que a pessoa tenha que usar os ombros para sustentar a cabeça. As pernas, por sua vez vão ficar sobrecarregadas na parte da frente tendo uma tendência a colapsar sobre elas próprias. Esse é típico desenho de uma pessoa que já não tem mais amor por sua própria vida, depressivos e pessoas que “desistiram”.
Esse é um esboço “básico do básico” em relação à consciência corporal. Uma vez que desenvolvemos o básico, começamos a verificar nosso padrão nas mais variadas situações. Como meu corpo reage em uma situação de raiva? De humilhação? De medo? Com base nisso começamos a conhecer nossas reações psicofísicas e associar atitudes motoras com atitudes emocionais. Dessa relação nasce auto conhecimento e capacidade de realizar mudanças através de novas atitudes psicofísicas.
Abraço