• 30 de outubro de 2017

    Impulsos

    – Mas Akim, chega na hora… é outra coisa.

    – Que coisa?

    – Na hora você olha, dá vontade… sabe como é?

    – Sim, sei. Qual o problema?

    – Esse. Como é que, na hora, eu digo “não”?

    – Com a boca.

    – Ai, você é direto demais.

    – Me diga uma coisa: na hora você sente muita vontade né?

    – Sim.

    – A vontade precisa ser sempre obedecida?

    – Não.

    – Então, qual o problema em negar o seu desejo?

     

    Muitas pessoas pensam que o grande problema é aprender a frear seus impulsos. O impulso precisa ser freado, quando não está alocado de maneira saudável. Fazer isso requer conhecer bem seus limites e, principalmente ser honesto consigo mesmo.

    O problema com muitas pessoas que “são impulsivas” é muito simples: eles não querem frear o “impulso”. Na verdade, se trata de um hábito que a pessoa tem, mas que não é sempre bom para ela. Outra opção é que as consequências desse hábito são pesadas demais, tornando o prazer momentâneo muito custoso. Dizer não à um desejo não é um problema para quem sabe o que quer e sabe fazer concessões, porém, para afirmar isso é preciso decisão e honestidade.

    Assim sendo o primeiro passo é parar de dizer que “quer mudar” e assumir logo o gosto que se tem pela maneira de se viver. Assumir que o impulso é importante para você e que você gosta dele, lhe trará alívio. O próximo passo é assumir o seu compromisso com este impulso. Isso poderá não ser tão agradável  assim. Por exemplo, um estudante de mestrado que diz: eu assumo que quero jogar vídeo game ao invés de escrever meu artigo, poderá sentir alívio num primeiro momento, mas, ao dizer que este é seu verdadeiro compromisso, poderá sentir-se envergonhado.

    A ideia não é fazer as pessoas se sentirem culpadas. O importante é mostrar para você no que você está, realmente, se metendo. Assim sendo, o próximo passo será: o que este compromisso que assumo vai trazer para mim? O estudante acima, poderá fazer muitos pontos e evoluir seus personagens em jogos, mas não vai ter um artigo bem escrito. É importante ver com clareza o que vamos colher em relação às escolhas e compromissos que fazemos.

    Depois disso é importante se perguntar: é isso o que eu quero? Esta pergunta é derradeira. Daqui, em geral, temos duas respostas básicas: sim ou não. Se não é hora de refletir sobre o que fazer e mudar. Porém, o maior problema das pessoas é com o sim. Assumir que não quero estar no mestrado, mas estou querendo jogar vídeo game é uma honestidade muito dura e forte, nem todos a tem. Neste momento, não tem desculpas do tipo “mas eu não consigo”. Isso é apenas balela.

    Então, convém se perguntar o que de fato se quer. Este próximo passo pode ser simples ou complicado. Algumas pessoas já tem suas metas bem estabelecidas, outras não tem ideia do que querem. Por este motivo, postergam e procrastinam se entregando à impulsos. Se este é o seu caso, hora de criar suas metas. Se você já sabe o que quer, passemos ao próximo momento.

    O que perco ao assumir meus compromissos? Aqui é o momento de realmente tomar decisões. Muitas pessoas querem sem pagar o preço pelo que querem. Isso não dá certo. A felicidade vem com um custo. É importante ver tudo o que será perdido afim de ter as atitudes necessárias para se atingir o que, de fato, se quer. O custo está relacionado com o ganho. Sem um não há o outro. Assumir isso, verdadeiramente, significa abrir mão de tudo o que não é o desejo e se comprometer.

    Neste ponto é que deixamos de ser crianças. Aquela fantasia doce de que tudo poderá ser atingido sem esforço ou empenho se desfaz diante de nossos olhos. Esta é a escolha derradeira que as pessoas devem fazer. Não significa nunca mais se divertir, mas sim assumir o preço, seja ele qual for, de sua felicidade. Muitas vezes, para sermos felizes precisamos abdicar daquilo que “nos faz bem” ou do que é prazeroso, nem sempre as pessoas querem abrir mão disso.

    Abraço

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