• 14 de janeiro de 2013

    Preocupação x decisão

    – Desta vez fiz diferente com ele.

    – Me conte

    – Quando ele disse: “mas você vai mesmo?” Eu disse que sim, que eu ia.

    – E ele?

    – Ele ficou me olhando durante alguns segundos e me perguntou: e eu? Daí eu continuei olhando para ele como quem diz: “pois é, o que você vai fazer?”

    – Hum, o que você aprendeu com isso?

    – Aprendi que antes eu ficava pensando por ele e desta vez ao invés de ficar me preocupando com o que ele iria ou não fazer ou dizer eu agi, decidi e fiquei ali com ele para resolvermos o que ele poderia fazer enquanto eu estivesse na minha atividade.

    – E como terminou isso?

    – Então, ele acabou pensando que poderia fazer ir ler um livro ou ver um filme enquanto eu fazia a minha reunião com as minhas amigas. Eu convidei ele, mas quem não quer ir é ele, então ele é quem tem que fazer algo e não eu.

    – Entendi. E como isso é diferente do que você fazia?

    – Eu sabia que ele não queria ir e acabava sambando para abrir mão da minha reunião mesmo não querendo. Abria mão só porque ele não queria ir junto sabe? Mas acho que não consigo passar a minha vida sem esta reunião, me faz falta e eu não estou fazendo nada de errado.

    – Com certeza não, perfeito, então antes você abria mão porque ele não queria ir junto e agora você assumiu que este encontro é importante para você e que você não deve abrir mão, é isso?

    – Sim.

    – Perfeito, fez as pazes com você então é?

    – Engraçado você dizer isso. É bem isso que eu senti. Minha briga não era com ele, era comigo. Eu ficava me preocupando com o que poderia acontecer ao invés de decidir o que eu iria fazer. Quando decidi que as reuniões eram importantes para mim, sabe… para eu me descontrair, jogar conversa fora… eu me sinto melhor na relação depois dessas conversas, me sinto livre e isso me dá mais vontade de voltar para ficar perto dele. (Risos) Ele lucra muito comigo indo nessas reuniões.

    – Tenho certeza que sim!

    – Pois é, e então eu decidi e resolvi colocar isso para ele. E foi assim, numa boa, sem brigas nem nada. Apenas combinei e pronto.

    – Ótimo, parabéns!

     

    Existe uma grande diferença entre preocupar-se com alguma coisa e decidir por alguma coisa ou atitude. A maior parte de nós confunde uma coisa com a a outra.

    Preocupar-se significa que você fica raciocinando – eternamente – os pró e contras que “podem” ocorrer. Fica remoendo o remoído do moído sem chegar à uma atitude no mundo, concreta e real. Decidir significa que você raciocina sobre o assunto e assume uma atitude no mundo.

    Obviamente o processo de decisão pode ser um processo mais longo, no entanto ele busca esta atitude enquanto o processo de preocupar-se afasta-se desta atitude. A pessoa preocupada é aquela que geralmente executa poucas mudanças na sua forma de agir no mundo porque gasta a energia e o tempo necessários para a mudança pensando e se angustiando em suas fantasias, já a pessoa de decisão se angustia buscando uma resposta adequada e quando a encontra a executa.

    Ambos podem errar, geralmente a pessoa de decisão pode tomar uma decisão sem ter todos os elementos ou pode acabar sendo precipitada. A pessoa preocupada geralmente erra por omissão – acaba pensando tanto que não faz nada e depois lamenta-se quando a oportunidade passa por ela.

    A grande dica é perguntar-se: para quando vou tomar uma atitude frente à este tema?

    Se não existe resposta para esta pergunta é muito provável que você esteja apenas postergando. Preocupando-se em demasia com o assunto ao invés de estar buscando uma resposta para agir.

    Para passar da preocupação para a decisão existem dois fatores fundamentais: perceber a necessidade e sentir-se responsável pela resolução da situação.

    Quando a pessoa sente a necessidade, mas não se percebe responsável ela fica apenas raciocinando sobre o tema. Irá ter uma boa percepção do que ocorre, mas isso não vai mudar em nada – ou quase nada – a vida dela pois ela nunca fará nada com isso.

    Quando a pessoa não percebe a necessidade ela nem sequer irá pensar sobre o tema.

    Quando a pessoa percebe o problema e percebe-se responsável por ele – algo do tipo: “isto” precisa ser resolvido + sou eu quem vai fazê-lo + posso fazê-lo – ela começa a pensar em termos de atitudes, comportamentos e isso tem uma grande diferença pois neste ensaio o cérebro começa a representar as atitudes até que encontre uma que seja adequada à situação e quando o cérebro cria esta resposta começa a impulsionar a pessoa em direção à atitude ao invés do conformismo.

    Abraço

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