– Mas… e porque disso Akim?
– O que te faz fazer essa pergunta para mim?
– Ora, quero saber o porque entende?
– Sim, mas isso você já sabe, não sabe?
– Não sei… sei?
– Pense.
– É, eu sei.
– Então, porque da pergunta?
– Eu acho que… é… queria saber outra coisa de você.
– Sim, mas você também já sabe a resposta para esta pergunta.
– É…
Pode parecer estranho em um blog de psicologia falar sobre não responder perguntas. Porém existe algo sobre isso que é importante salientar: nem sempre uma pergunta necessita de resposta. Outro fator que contribui é que muitas vezes uma pergunta serve apenas para ocultar outra.
“Nem toda pergunta necessita de resposta”. Isso significa que muitas vezes as pessoas perguntam, mas já detém a resposta para sua pergunta. Neste sentido, a pessoa quer saber outra coisa em relação a resposta. Pode ser o desejo de verificar se o outro lhe dará a mesma resposta, buscando, por exemplo, por afirmação ou apoio. Outras vezes, significa que, a pergunta feita é na verdade, o início da reflexão de alguém. Neste caso, não é a resposta que é importante, mas a pergunta em si. O vazio gerado pela pergunta é o que traz o movimento, responder significaria interromper esse fluxo e isso seria contraproducente.
Perguntar é uma arte e uma ciência. Há muitos fatores envolvidos em uma pergunta. Além da frase propriamente dita, existe a entonação, perceber qual palavra recebe ênfase é fundamental para entender uma pergunta. O contexto e o momento no qual a pergunta aparece também define a verdadeira tônica da pergunta. Por vezes a pessoa pode fazer uma pergunta sobre um tema diferente daquele que está sendo discutido como uma forma de sair do tema ou de aprofundá-lo. A primeira pergunta não merece resposta, a segunda sim. Perceber isso é uma arte delicada e sutil.
As emoções em jogo também são parte fundamentais no surgimento de uma pergunta. Algumas pessoas fazem perguntas para não lidar com determinada emoção, ou para racionalizar aquilo que sentem. Estas são classes de perguntas que não merecem ser respondidas. A adequação de uma pergunta, portanto, tem sempre a ver com todo o contexto no qual ela surge e, principalmente, para onde a resposta a dirige e sobre quem recai a responsabilidade perante a afirmação ou negação que a reposta traz.
Assim sendo, temos as perguntas que visam colocar em quem responde a responsabilidade sobre a decisão de quem pergunta. Este tipo de pergunta também deve ser evitada, por se tratar de um ardil, uma fuga da responsabilidade. Este tipo de questionamento surge para evitar falar de si e da relação. São perguntas cuja verdadeira finalidade não é a resposta, mas sim, estabelecer um tipo de ligação entre os participantes da conversa. Algo como: se você me disser o que fazer, eu sigo você, mas você assume a responsabilidade.
Por fim, afirmei que existem perguntas que ocultam outras perguntas. É um tanto sutil, porém, perceptível o fato de que uma pergunta está sendo feita em meio à um processo de raciocínio. Algumas perguntas são apenas bases para outras. É importante saber perceber isso. Nem sempre estas devem ser evitadas, porém é fundamental sacar o jogo no qual se está entrando. Afinal, a resposta à uma pergunta como essa pode causar mais danos que benefícios. Saber não responder uma pergunta é, em suma, a arte de compreender os motivos de um questionamento levando em base quem pergunta, a questão em si e todo o contexto no qual ela surge. É fundamental aprender a fazer isso enquanto terapeuta e pessoa para saber quando se envolver em uma pergunta honesta e quando deixar de lado, porque a pessoa realmente não precisa da resposta ou porque a resposta é um ardil.
Abraço