– E eu preciso entender sabe? Como eu posso fazer para parar de ficar perdendo meu tempo e fazer mais coisas.
– Tem algo que te falta, sabe o que é?
– Não sei… concentração, persistência, pensar mais fora da caixa?
– Não. Satisfação.
– Satisfação?
– Quando você conquista algo, o que faz: já começa a pensar no próximo projeto ou celebra tranquilo a sua conquista?
– Não posso parar…
– Pois é…
Em relação à produtividade existem vários mitos que tentam tornar as pessoas máquinas. Um dos problemas é que estes discursos além de serem falaciosos, não são necessários. O outro é que a atitude “oposta” gera tanto a produtividade desejada quanto o estado de bem-estar que os discursos de produção infinita não conseguem alcançar nunca.
Em primeiro lugar deixe-me dizer algo sobre produção. Associamos esta palavra apenas com áreas comerciais e industriais, porém produzir tem um significado muito mais amplo. Podemos falar em produzir um estado mental ou uma relação bem sucedida. O discurso de produzir sempre mais é perigoso, pois evita olhar a algo fundamental: ao que se presta a produção? Ou seja: qual a finalidade? Não se produz apenas por produzir. Aquilo que é feito possui uma finalidade que atende à uma demanda seja ela comercial, biológica ou emocional.
Então geralmente pessoas com um foco excessivo na quantidade de elementos produzidos, de trabalho feito perdem de seu horizonte a finalidade. Quando isso se perde é quase impossível a pessoa sentir-se satisfeita com seu trabalho e muito mais difícil vincular aquilo que faz com um sentido de vida. Assim a produção se torna separada da pessoa que produz. Estabelecer o contato com a finalidade do que fazemos e com as necessidades que buscamos atender com isso, fortalece o vínculo com o trabalho e nos torna mais seletivos em relação ao que queremos fazer.
Mas se é assim, porque não fazemos isso sempre? Por medo. Temos medo que se relaxarmos ou nos sentirmos satisfeitos vamos “parar” ou “relaxar demais”, o medo, enfim da negligência. Porém, este medo é completamente ilusório, visto que a satisfação tende a impulsionar a pessoa para sentir a satisfação novamente ao invés de afastá-la daquilo que está fazendo. É comum que o medo de parar esteja relacionado com sentimentos de valorização pessoal que só ocorrem quando a pessoa está ocupada ou produzindo.
Em outras palavras: a pessoa entende que só é digna de amor ou sentimentos ternos enquanto estiver desempenhando uma atividade, se sacrificando ou conseguindo dinheiro. A auto estima é a pedra de base que precisa ser trabalhada nestes casos, pois a pessoa associa o seu valor pessoa exclusivamente ao trabalho. É um fato que o sentimento de auto confiança é um fator fundamental para a auto estima e conseguir sustentar-se através de seu próprio trabalho faz parte disso. Porém não é apenas isso o que importa.
Ao perceber essa questão que muitos colocam como “subjetiva” ou “abstrata”, é que a pessoa pode começar a colocar as metas de seu trabalho e desempenho. Este limite a associa com valores e necessidades pessoais. Ao alcançar essas metas a pessoa pode aprender a relaxar, pois quando é associado à algo que nos traz crescimento, o descanso pós conquista não nos faz negligentes, ele apenas alavanca as próximas conquistas que teremos.
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