– Mas e daí Akim, e se eles não gostarem?
– Eles tem que gostar?
– Seria bom.
– Porque?
– Porque daí eu poderia fazer com eles.
– Sim, não ficaria sozinho nessa né?
– Não.
– Mas e se for para você ficar sozinho nessa?
– Hum… não sei dizer…
– Talvez esse seja o preço que você tem que pagar para fazer aquilo que ama.
Qual o preço que pagamos pela felicidade? Embora muitas respostas sejam possíveis, uma delas se torna dura para muitas pessoas, pois o preço da felicidade em sua última instância é a solidão.
Não é que a pessoa feliz se torna solitária ou não pode compartilhar de sua vida com ninguém, não é nada disso. Porém, a estruturação da felicidade não pode ser dar com base no outro, apenas em mim. Afinal de contas no fundo quem sente ou não a felicidade sou eu. Portanto o “eu” tem um papel importante a desempenhar na conquista da felicidade e isso o leva à perceber sua solidão.
Alguns de meus clientes são pessoas extremamente apaixonadas pela vida social. Ter amigos, comparecer à eventos sociais e conversar com pessoas é uma atividade fundamental em suas vidas. Contato com outras pessoas os alimenta, mesmo quando as situação não são tão boas. De outro lado tenho clientes para quem as atividades laborais representam a grande força. Elas se alimentam quando conseguem vencer um desafio profissional ou quando estruturam alguma coisa que estavam precisando fazer.
Qual é a certa? Esta pergunta deixa uma resposta óbvia para muitas pessoas: nenhum do dois ou os dois. A questão é que cada um se alimenta de fontes diferentes e ambas precisam ser respeitadas. Um pode até aprender com o outro, porém o fato anterior irá se manter. Assim sendo, quando falamos sobre felicidade, a “receita” de cada um deverá levar em consideração a singularidade de cada um. Uma pessoa mais introspectiva cuja paixão está centrada em aprender poderá até se beneficiar do convívio com outras pessoas, porém a energia do aprendizado sempre será mais forte para ela.
Quando entramos na singularidade de cada um é que começamos a adentrar no terreno da solidão. Como disse anteriormente, não significa que não podemos manter contato com os outros, mas sim que cada um de nós tem a sua própria receita e esta só pode ser sentida por nós. Logo, não importa que o brasileiro seja identificado como um povo alegre, festivo e hospitaleiro, muitos brasileiros não ligam tanto para festa e contato social e são muito mais felizes realizando coisas ou ligando-se à atividades que deem sentido à sua vida.
Esta é a solidão de que falo. A solidão existencial, onde percebemos que por mais rodeados de pessoas que possamos estar, apenas nós podemos sentir e validar nossa existência. É claro que muitas pesquisas apontam para fatores que convergem na maior parte dos humanos, porém, mesmo elas evidenciam isso: é para a maior parte e não para todos. E além disso, mesmo que você faça parte da “massa”, somente você poderá sentir o que vai sentir.