– Eu fico com medo de fazer isso.
– O que você imagina que pode ocorrer?
– Ah, não sei sabe? Eu penso que se eu fizer algo assim e não gostarem podem querer me dar um gelo ou me tirar do grupo!
– Hum… tens medo de ser excluído do grupo é isso?
– É… acho que é isso sim.
– Entendo é um medo comum e normal. Mas me diga: o que vale mais nesse caso: a aprovação do grupo ou a sua saúde emocional?
– (pensativo) Hum… acho que é a minha saúde emocional… mas mesmo assim é muito complicado!
– Imagino… digamos que resolvam te excluir por você se defender, fazer o que deve fazer… lembre-se: isso aí não é nada demais… como você poderia entender a “exclusão” deles e lidar com ela?
– Hum… não sei ao certo… eu acabo me culpando quando isso ocorre…
– Entendi, então você vai se culpar porque os outros são inadequados contigo? Grossos até?
– É… olhando assim não faz sentido né?
– Não.
– Eu não sei Akim, acho que se eles me excluíssem mesmo do grupo eu poderia começar falando: “hey, vocês estão me excluindo só porque eu me defendi e não quero ficar sendo o alvo da chacota de vocês?”
– Hum, muito boa, confrontar é um passo ótimo!
– E se eles respondessem que sim eu poderia ir… sei lá… tentar procurar outra turma.
– E desde o princípio se dar o respeito não é mesmo?
– É…
– Perfeito! Acho que além disso você pode ter em mente de mostrar para eles que não é nada pessoal, simplesmente você não gosta do jeito que eles falam com você.
– Isso.
Todo ser humano possui um certo receio da exclusão. Como somos seres sociais a nossa tendência é desejar estar em contato com outros seres humanos, fazer parte de um grupo, de uma família. Não é por acaso que “exílio” é uma forma de punição, às vezes mais dolorida que a morte.
No entanto, existem situações em que para se manter dentro de um grupo – ou relação – o custo emocional é muito elevado e não compensa o fator social. É quando a proximidade é mais custosa do que o “exílio”. Isso pode ser dar por vários fatores como bullying (manter-se num grupo que te atormenta o tempo todo é mais custoso do que ficar sozinho), maus-tratos, violência (até que ponto vale a pena manter-se numa relação ou num grupo que são violentos com você ou que são negligentes?) e diferenças de condutas (algumas pessoas são muito diferentes e não conseguem combinar essas diferenças nem respeitá-las, ficar longe muitas vezes é melhor que a proximidade).
Nesse sentido a pessoa muitas vezes precisa confrontar o medo da exclusão e de ficar só. Uma das primeiras tarefas é mudar o foco de “vou ficar só” para “vou manter a minha auto-estima elevada”, “vou manter a minha saúde emocional”, “vou correr atrás da minha felicidade”. A mudança de foco é fundamental para que a pessoa crie a motivação necessária para viver algo que é penoso de fato e, com a mudança poder até desfrutar disso.
A segunda parte do processo e entender como lidar com o que lhe causa medo. Muitas vezes a pessoa tem medo de sair de um grupo porque não tem muitas habilidades sociais para encontrar um novo grupo, tem que aprender. Outras vezes a pessoa sente-se culpada por sentir o que sente e “causar problemas” ao grupo, é importante desfazer a culpa e mostrar que ela está buscando a sua integridade, a qual não tem preço. O medo pode estar ligado também à sobrevivência e a pessoa deve aprender a tornar-se independente, manter o seu estilo de vida sozinha para conseguir desvincular-se adequadamente.
Todas estas dicas tem um importante lembrete: muitas vezes o medo da exclusão é só isso: um medo e não uma possibilidade. Assim, quando a pessoa começa a “fazer o que tem que fazer” ela começa a posicionar-se de forma diferente em sua vida e essa mudança traz outras muito positivas que alteram a forma pela qual ela relaciona-se com o seu grupo e a exclusão fica longe de ser uma possibilidade.
Abraço
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