• 5 de maio de 2014

    Sexualidade

    sexualidade

    • Minha vida com a minha mulher está complicada cara!

    • O que acontece?

    • É o sexo sabe? Tá difícil!

    • O que está difícil?

    • Ah meu… não está legal, não tem mais aquela “liga” sabe?

    • Hum… entendo… me fale mais sobre essa “liga”

    • Ah… antes a gente fazia sexo que nem louco, toda hora, em qualquer lugar… agora é tudo cheio de frescura.

    • Sei… e o que essa frescura?

    • Cheio de “não me toques” sabe?

    • Claro que sim… como você entende isso?

    • Pô, entendo que não posso pegar na minha mulher!

    • Hum! Complicado…

    • Se é!

    • E como será que ela entende isso?

    • Hum… não sei… acho que talvez ela queira me dizer que “não quer desse jeito”.

    • É verdade, pode ser. E se não fosse “desse”, de que outro jeito seria?

    • Acho que não seria só o sexo sabe?

    • Não?

    • Não… acho que tem outras coisas que ela queria que fossem diferentes também.

    • Entendo. E são possíveis de serem feitas?

    • Sim, são sim…

    • Então quer dizer que “o sexo” vai além do que ocorre na cama?

    • É né… vai sim (risos) de um jeito ou de outro.

    • (Risos) Com certeza, que tal tentar viver uma sexualidade mais rica então, que envolve este “pós-cama”?

    • Ok, vamos ver como vai ser.

     

    Foi algo muito bom! Expectativas foram reveladas, comportamentos questionados, brigas aconteceram e no final conseguiram organizar uma nova forma de lidar um com o outro de maneira que ambos ficaram satisfeitos em suas necessidades particulares.

    Hoje usa-se a expressão “só sexo”. Será que é possível ao ser humano – um ser criador-nato de significados, que vê sentido até em tampinha de garrafa – ter algo como “só sexo”? Acredito que não.

    Até porque, “só sexo” é, “por si só”, um significado.Quando alguém diz que deseja ter “só sexo” isso está recheado de sentidos próprios daquela pessoa, da experiência passada dela e do momento atual no qual ela se encontra, além disso estabelece o que ela quer da relação: “só sexo”. Quando uma pessoa trai a outra e diz “mas foi só sexo” o retruque mais elaborado é: “se era “só” sexo, porque não deixou de lado?” Já que é “só” ou seja, algo tão insignificante, ele não precisava ser, realmente executado precisava?

    Ocorre que nunca é “só sexo” para o ser humano, ele sempre possui um valor, um sentido e um significado. Mesmo na traição do “só sexo” isso pode simbolizar algo como “quero ter liberdade para transar quando e com quem eu quiser” o que é diferente de pretender menosprezar o ato e dizer que é “só”.

    Assim, sempre que as pessoas falam de problemas sexuais, não estão falando “só” de sexo, como se ele fosse “só” algo biológico. Mesmo que exista um problema realmente diagnosticado como um problema puramente biológico, a maneira pela qual ele será tratado pela pessoa e pelo conjugue darão uma repercussão completamente diferente. Por exemplo, a impotência pode ser entendida pelo homem como uma falha pessoal, se a esposa afirmar isso cobrando-o ainda mais o problema poderá aumentar ainda mais. Por outro lado se ele entender como uma falha pessoal e a esposa disser “então vamos corrigir essa falha, estou aqui pra te ajudar”, isso terá uma repercussão completamente diferente.

    Questões sexuais sempre envolvem o que pensamos que é o sexo, como pensamos que a sexualidade é assim como a forma pela qual nos relacionamos com a pessoa com quem fazemos sexo – ou com as pessoas. Ele sempre será um resultado desta equação assim como os problemas de sexualidade também o serão. Logo, olhar para um problema sexual não é olhar “só” para o pênis ou a vagina e concertar seus defeitos, é olhar para eles, para as “pessoas que os portam”, para como elas se relacionam, o que pensam sobre eles e o que fazer com eles.

    A menos que pensemos em todos estes elementos estaremos tratando o sexo assim como a sexualidade como “só” sexo… o que, deveras, é um pecado não é?

    Abraço

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