• 8 de julho de 2015

    Aparência e essência

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    • Mas eu não sei o que fazer com ele.

    • Eu sei, mas definir se você vai contratar ou não é irrelevante.

    • Como assim irrelevante? Eu fico super ansioso com isso!

    • Eu sei, mas a questão, de fato, é se você vai conseguir dizer “sim” ao seu instinto de não fazê-lo.

    • É difícil para mim isso.

    • Eu sei. Esqueça um momento dele, pense em dizer sim à você e veja como se sente.

    • Me sinto melhor… me parece o certo à fazer.

    • Ótimo.

     

    Quando uma pessoa fala sobre algo que é um problema para ela é importante perceber se aquilo à que ela está se referindo é o problema de fato ou apenas a aparência do problema.

    A aparência de um problema e a sua essência estão ligados. A aparência é o como o problema se mostra, a sua estética, a essência, por outro lado é a engrenagem do problema, a sua ética. Uma está ligada à outra de maneira que o problema da pessoa pode ser manifestar de variadas formas – e geralmente o faz – e estas formas estão falando sobre uma mesma engrenagem embora de maneiras diferentes.

    Isso que estou dizendo é um fato super conhecido dentro da psicologia. Ocorre que quando percebemos um problema estamos, em geral, pensando no problema em si e não na estrutura que nos permitiu tornar aquilo em problema. Em outras palavras: tem coisas que são um problema para uma pessoa e não o é para outra. O que faz com isso seja possível? A maneira pela qual a pessoa percebe o que ocorre à ela e as respostas que ela tem para lidar com isso. Isso que acabei de descrever é a essência do “problema”.

    O interessante é que, quando começamos a falar da essência, deixamos de falar do problema em si. Começamos a falar de como a pessoa cria o seu mundo interno, como ela percebe e valoriza determinadas coisas em detrimento de outras e como ela reage à tudo isso. Quando estes elementos entram em cena é que começa-se a mexer na estrutura que gera a percepção da pessoa. Uma vez que isso seja alterado mudanças começarão a ocorrer na vida da pessoa e na maneira pela qual ela lida com seus problemas.

    Uso a palavra aparência e essência fazendo uma alusão à ética e à estética. A estética nasce da ética. A ética é aquilo que dá forma ao nosso mundo. O conjunto de valores pelos quais discernimos o certo de errado, o bom do mal e o belo do feio. A ética cria as bases do pensamento, o foco da percepção e daquilo que desejamos nos aproximar e nos afastar. A estética, então, é aquilo que vemos e criamos através dos valores julgados pela ética.

    A estética ou roupagem dos nossos problemas são criadas na nossa ética pessoal, na maneira pela qual verificamos o organizamos o mundo. Um exercício interessante que gosto de fazer com meus clientes é o de tentar imaginar o mesmo problema com o foco de uma outra pessoa. Pegue algo que você considera um problema e pense num amigo ou num inimigo que pensa bem diferente de você. Permita-se assumir a maneira pela qual aquela pessoa vê o mundo. Como ela veria o seu problema? O que ela faria com o seu problema?

    Este exercício nos conduz à perceber o mundo de formas diferentes e, com isso, aprender que podemos resolver os nossos problemas assumindo novas perspectivas éticas. Ao ver um fenômeno de um determinado ponto de vista ele se torna outra coisa e, aí, podemos organizar um comportamento adequado para trabalhar com aquilo.

    Abraço

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