• 6 de maio de 2016

    Ajuda ou atrapalha?

    – Mas Akim!! Como é que eu ia dizer isso para ele?

    – Qual o problema?

    – Eu não deveria ajudar ele? É meu filho, precisando de ajuda!

    – Deve, o ponto é: como ajudar? Porque, de verdade, você não está ajudando ele.

    – Porque não?

    – Porque ele está repetindo o mesmo erro há anos… e você acobertando ele… que tipo de ajuda é esta?

    – Eu sei que eu faço errado… mas é meu filho… não consigo dizer não para ele…

    Até que ponto a ajuda de alguém é, realmente, uma ajuda? Quando o ato de ajudar está, na verdade, prejudicando alguém? Muitas dinâmicas emocionais e psíquicas ocorrem neste ato tão humano – tanto para o bem, quanto para o mal.

    Ajudar não é fazer pelo outro, não é tirar o outro do sofrimento, não é aliviar pela outra pessoa. A essência da ajuda é muito humana e muito bonita: significa ter compaixão com a dificuldade humana, a qual todos nós passamos em algum momento. Assim, tirar o outro da dor, não significa ajudar.

    Dar também não é ajuda e, sim, caridade. Em situações nas quais uma pessoa não pode – mesmo – fazer algo ou não tem acesso à algo que outra pessoa tem, o ato de dar pode ser muito bonito. Em terremotos, enchentes podemos compartilhar aquilo que temos com pessoas que perderam – não por escolha ou por erros no comportamento – o que tinham por causa de algo que não tinham como controlar.

    Ajuda, então, é estar com a outra pessoa enquanto ela está passando por um momento de dificuldade. O ato de ajudar é bom quando o pedido vem de quem precisa e o ajudador não tem que fazer pelo outro, mas sim, auxiliar o outro em algo que este já está fazendo.

    O ajudador não pode ser a figura principal na atividade do ajudado, se for, ele está fazendo pelo outro. É importante que a pessoa que pede ajuda trabalhe por ela, tenha dificuldades e as vença sozinha. O ajudador é alguém que está do lado, dá dicas, ajuda na dor e comemora a vitória. Ele facilita não o processo, mas sim a vivência.

    O caso de pais que superprotegem, deixa claro como ajudar pode ser completamente disfuncional. Ao defender o filho quando este está errado ou fazer pela pessoa o pai priva a pessoa de aprendizado. Neste caso não é ajuda porque o ajudador é o ator principal. Isso é uma forma de arrogância, pois coloca aquele que ajuda em um papel de importância maior do que o que lhe cabe e quem “precisa” num inferior.

    A superproteção também prejudica o ajudador que termina por cuidar mais da vida do outro do que da sua própria o que é reclamação comum no consultório de não ter mais tempo para si mesmo. Por outro lado estas pessoas não conseguem abrir mão dessa rotina, por perderem a sua importância relativa. Relativa porque o superprotegido é mimado e se conseguir alguém que faça mais por ele, não hesitará em realizar uma troca.

    Portanto… quando for ajudar alguém, pense em como está fazendo isso. Pense se a ajuda foi solicitada, se a pessoa está se esforçando e, principalmente, se ela é o ator principal no seu papel de mudança. Se alguma dessas perguntas tiver uma negativa como resposta, hora de mudar a forma de agir.

    Abraço

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