• 1 de setembro de 2016

    O que você ama?

    – Mas é complicado né?

    – O que é complicado?

    – Eu sei que não sou assim tão bom… tipo, eu vejo os outros caras e estou um pouco atrás.

    – Verdade.

    – Nossa, verdade?

    – Sim. É um fato. Agora, mesmo sabendo disso, consegue se amar?

    – Isso é mais difícil…

    – Sim, e essencial, afinal aqueles caras começaram de algum lugar.

    – Verdade.

    – Então você precisa ser perfeito para daí se amar? Isso não é auto estima.

     

    Se você acredita que “tem que melhorar” para aprender a se amar, está cavando um buraco sem fundo. A tarefa mais difícil de se aprender em auto estima é se amar agora, do jeito que estou. Porque isso é tão difícil?

    Temos muitas respostas para esta pergunta. Socialmente falando, podemos entender que vivemos um momento histórico que cobra auto-estima, sucesso financeiro e felicidade. Assim sendo aquela pessoa que não se encaixa dentro de um modelo estético determinado socialmente não pode se sentir plena. É necessário atingir determinadas metas criadas por alguém afim de ser feliz, como estas metas podem não ter a ver com você, se torna difícil ser feliz.

    Outra resposta recai na ideia de que o ser humano é insatisfeito por natureza. Não importa quão bem as coisas estejam, ele deverá sempre buscar por mais. Nesta vertente da ideia damos mais valor ao que nos falta do que aquilo que já possuímos. É a famosa imagem do cavalo correndo atrás da cenoura que ele nunca alcançará porque tem alguém segurando ela na frente de sua cabeça.

    “Mas se eu me amar assim, vou ficar estagnado”. O medo da estagnação uma vez aceita a pessoa tal como é, se mostra como outra causa da dificuldade em se amar. Embora eu seja favorável às mudanças e evolução pessoal, sempre trabalho com meus clientes a celebração daquilo que já somos. Ocorre que se você não consegue celebrar o que já está não conseguirá fazer isso quando atingir a suposta meta.

    Muitas pessoas torcem o nariz para esta noção, mas o fato é que quando baseamos nosso afeto por nós mesmos em uma imagem futura, não amamos o real e sim o virtual. O que ocorre na maior parte das pessoas é que ela continua amando apenas aquela imagem, se sair um pouquinho da linha, o amor termina. Outra situação é que assim que chega na meta, logo outra está estabelecida, então o amor precisa ser postergado uma vez mais. Cria-se um “hábito” de amar a imagem e não o ser.

    Por fim,  mais difícil é, na verdade, assumir o afeto por nós, mesmo reconhecendo nossos defeitos. Saber-se incompleto, imperfeito, com defeitos e mesmo assim dizer: me amo não é para qualquer um. Esta percepção exige que a pessoa tenha critérios suficientes para saber no que precisa melhorar, buscar isso e, ao mesmo tempo, ame aquilo que já é.

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