• 9 de janeiro de 2013

    Expectativas II

    – Eu me sinto culpado quando ele fala isso.

    – Entendi, mas me conte: de que forma isso te faz sentir-se culpado especificamente?

    – Então… não sei ao certo… eu sinto que deveria fazer o que ele quer, mas não sei porque não faço.

    – “Não sabe porque”?

    – É… eu não me sinto tão empolgado para fazer algumas coisas com a minha namorada

    – Sei e porque tem que se sentir culpado por isso?

    – Porque eu deveria me sentir empolgado

    – Deveria?

    – Ah, não sei… acho que sim.

    – Porque?

    – Porque ela queria que eu me sentisse assim.

    – Mas não se sente não é?

    – É…

    – Pois é… qual o mal disso? Eu sei que ela queria que você ficasse empolgado, mas, de fato você tem que se empolgar apenas porque ela quer? Ou, no caso, com algo que não te empolga?

    – (Silêncio) Eu acho que não…

    – Pois é… creio que a sua expectativa de querer agradar ela está se mostrando mais forte nessa situação do que de agradar à si. Que tal assumir que a atividade lá na te empolga da forma que ela gostaria e negociar com ele isso ao invés de se culpar?

    – Parece mais saudável… embora seja difícil para mim

    – Ok, que acha de tentar?

    – Ok!

     

    Criamos expectativas não apenas em relação ao comportamento dos outros, mas também com relação ao nosso comportamento, emoções e pensamentos.

    A expectativa que criamos com relação à nós mesmos geralmente causa culpa ou “auto” decepção. Nos desanimamos com nós mesmos quando percebemos que não estamos conseguindo cumprir o que nos programamos para realizar. O problema é quando as expectativas que criamos estão desconectadas da nossa pessoa ou colocadas de uma forma inadequada à nós.

    No exemplo acima fica claro que a necessidade de agradar o outro fez com que a pessoa organizasse uma expectativa de gostar de tudo o que a namorada iria gostar: de se animar com as coisas que ela queria que ele se empolgasse. Atividade fadada ao fracasso infelizmente por serem duas pessoas diferentes. É importante nos perguntarmos para que aquele comportamento é realmente importante, se ele está organizado de uma forma adequada antes de nos culparmos por não sermos ou agirmos de uma determinada forma.

    A auto-expectativa pode ser mais corrosiva do que a expectativa com relação aos outros porque a pessoa se cobra o tempo todo sobre algo que – muitas vezes – nem sequer é da responsabilidade dela ou simplesmente não tem sentido nenhum. No entanto, enquanto não se questiona a expectativa ela fica ali como um chefe chato sempre dizendo que você não é bom o suficiente ou competente o suficiente e merece sofrer por isso.

    Abraço

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